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Berlim a caminho de ter de volta seu palácio

Silke Bartlick av
23 de agosto de 2018

Antes ridicularizada, reconstrução de relíquia arquitetônica parece ter convencido berlinenses. Cinco anos após lançamento da pedra fundamental, tudo corre dentro do cronograma para a inauguração do Palácio da Cidade.

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Pátio interno "Schlüterhof": três fachadas barrocas e uma moderna
Pátio interno "Schlüterhof": três fachadas barrocas e uma modernaFoto: picture-alliance/dpa/B. v. Jutrczenka

Wilhelm von Boddien é empresário e presidente da associação para a reconstrução do Palácio da Cidade de Berlim. Durante muito tempo, sua iniciativa foi vista com ceticismo e até ridicularizada. Mas agora ele se encontra diante do fruto de seus esforços, com as obras bem adiantadas e a inauguração prevista para setembro de 2019.

"A deusa Fortuna sempre esteve conosco", comenta, e sorri. O Palácio de Berlim está de pé, os pedreiros estão justamente retirando os andaimes do pátio que leva o nome do arquiteto Andreas Schlüter (1659-1714), liberando à vista a fachada barroca magistralmente reconstruída.

Dentro de pouco mais de um ano, a capital alemã terá finalmente uma nova marca registrada. E aí haverá espaço suficiente em frente à Ilha dos Museus para as coleções não europeias da Fundação do Patrimônio Prussiano. O quarteirão se chamará Fórum Humboldt, um local de intercâmbio internacional e encontro de culturas.

Sonho de juventude

Nascido no norte da Alemanha em 1942, de uma família nobre de Mecklemburgo, Wilhelm Dietrich Gotthard Hans Oskar von Boddien visitou, quando ainda estava no colégio, a Berlim dividida. Em seguida, começou a se ocupar intensivamente da história prussiana – e a sonhar com a reconstrução do Palácio da Cidade.

O prédio fora seriamente danificado na Segunda Guerra Mundial, e demolido em 1950 por ordens do então líder da comunista República Democrática Alemã (RDA), Walter Ulbricht. Poucos anos mais tarde, foi construído, numa parte do terreno, o legendário Palácio da República.

Palácio de Berlim em 1900 e 118 anos depois
Palácio de Berlim em 1900 e 118 anos depoisFoto: DW/photocrom

Após a queda do Muro, quando muitas regras passaram a não valer mais, Von Boddien, agora um próspero empresário, fez erguer, diante do palácio, cenários barrocos pintados de amarelo berrante, desencadeando um debate feroz na Alemanha recém-reunificada.

A mídia caçoava dele como "Fantasma do Castelo". Seu plano, de angariar pelo menos 85 milhões de euros em doações para o reerguimento do antigo palácio, era motivo de zombaria. Mas a Fortuna sempre esteve com Von Boddien. Até que comissões, júris e o Parlamento puseram-se de acordo: o Palácio da República, contaminado por amianto, deveria cair, e em seu lugar ser reerguido o Palácio da Cidade.

Interiores modernos e fachadas barrocas

Desde o lançamento da pedra fundamental, passaram-se cinco anos. No espírito da nova sensibilidade para com a arte confiscada pelo regime nazista e saqueada como botim na Segunda Guerra, discutiu-se muito sobre o futuro Fórum Humboldt e seus muitos artefatos da África, Ásia e América do Sul. Mas o Palácio, ninguém coloca mais em questão.

Os berlinenses, conhecidos por seu espírito crítico, adotaram a causa. Se no início as doações da capital eram esparsas, hoje elas perfazem mais de 50% da quantia total. A associação dos amigos do Palácio da Cidade já angariou os 85 milhões de euros, agora só faltam 20 milhões para a cúpula – que ainda será acrescentada –, os quais Von Boddien espera reunir até o fim de 2019.

Seguindo os passos de Alexander von Humboldt

Para quem não pode esperar tanto até conhecer o local, as obras estarão abertas ao público neste fim de semana (25 e 26/08). A ala leste, problemática desde o projeto original, foi substituída por uma estrutura de concreto extremamente singela do arquiteto italiano Frank Stella.

As demais alas são basicamente modernas e amplas, com escadas rolantes e ar condicionado. Porém, as fachadas e, sobretudo, três dos lados do majestoso pátio interno "Schlüterhof" obedecem ao mais elaborado estilo barroco.

Primorosas arcadas e pérgulas profundas, colunas, frisos, guirlandas, cabeças de leão e águias: uma caprichosa miscelânea arquitetônica reconstituída a partir de velhas fotos e restos de pedra e tinta, e concretizada por robôs e experientes mestres-artesãos. Na tarde de sábado, a Filarmônica de Berlim dará ali um concerto – de graça, pois a bilheteria reverterá integralmente para as obras.

Andaimes ainda ocultam decoração em estilo barroco
Andaimes ainda ocultam decoração em estilo barrocoFoto: picture alliance/dpa/F. Stoffers

Ainda há muito a fazer no gigantesco canteiro de obras no centro de Berlim. Mas os trabalhos estão adiantados, dentro do cronograma e com um cálculo de custos totais de 600 milhões de euros: um pequeno milagre, sobretudo numa cidade marcada por atrasos escandalosos de obras públicas.

Von Boddien, atualmente com 76 anos de idade, faz questão de celebrar a inauguração pontualmente em 14 de setembro de 2019, o 250º aniversário de Alexander von Humboldt.

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