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Berlim em 24 quadros

Soraia Vilela6 de fevereiro de 2003

Começa nesta quinta-feira (6) o Festival Internacional de Cinema na capital alemã.

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"Good bye, Lenin", do alemão Wolfgang Becker, um dos longas que concorrem ao Urso de OuroFoto: presse

Como resposta às acusações de que a Berlinale seria "muito extensa e confusa", seu novo diretor, Dieter Kosslick, que dirige a mostra pela segunda vez, cortou um dia de exibições e diminuiu 80 títulos do festival. Nada digno de nota para o mero espectador, ainda assim perdido no labirinto cinematográfico do segundo maior festival do mundo. Apesar de um perfil mais moderno e menos ranzinza do que o dado pelo ex-diretor Moritz de Hadeln, Berlim continua servindo de templo do cinemão, ao lado do bom espaço dedicado aos nichos paralelos.

A mídia alemã festeja sem pudores a participação de três produções locais na mostra competitiva: o cultuado Good Bye, Lenin, de Wolfgang Becker, Der alte Affe Angst, de Oskar Roehler, e Lichter, de Hans-Christian Schmidt. Ao contrário de seu antecessor, Kosslick parece, dessa forma, não se curvar inteiramente a Hollywood.

Molduras -

Entre a abertura com o musical norte-americano Chicago, de Rob Marshall, e o encerramento com Gangs of New York, de Martin Scorsese, há, além dos alemães, a presença francesa de Claude Chabrol (La Fleur du Mal, mais uma incursão do diretor aos sombrios porões da burguesia) e Patrice Chéreau (Son Frère, que retrata o reencontro de dois irmãos, tendo como pano de fundo a doença incurável de um deles). O que o mercado costuma chamar de "resto do mundo" vai dessa vez encarnado por um longa australiano, um senegalês e um esloveno.

Aposta nos jovens -

A grande novidade implantada pela nova direção não se faz notar na mostra principal, mas na criação do projeto Talent Campus, que reúne 500 profissionais de cinema de mais de 70 países (entre eles o carioca Ailton Franco Jr. e o capixaba Gustavo Moraes), em uma série de workshops e discussões sobre a sétima arte. Se por um lado Berlim procura, com isso, abrir a jovens cineastas as portas do mercado, o convite veio a calhar com a intenção de "rejuvenescer o público" do festival, manifestada por seus organizadores.

Valorizando curtas -

Na esteira do rejuvenescimento, a Berlinale inaugura este ano um bloco especial de curtas em busca do Urso de Ouro, que deixam de ficar à sombra dos longas, como nos anos anteriores. Da mostra participa a brasileira Patrícia Moran com Plano-Seqüência, que tem Paulo César Pereio como protagonista. Além do curta de Moran, participam ainda do Festival de Berlim os brasileiros O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca, Amarelo Manga, de Cláudio Assis, Rua Seis, Sem Número, de João Batista de Andrade e o curta infantil O Céu de Iracema, de Iziane Mascarenhas.

Para o espectador que se recusa a arriscar a incerteza dos inéditos de um festival, a Berlinale de 2003 oferece uma retrospectiva de Friedrich Willhem Murnau, um ciclo em homenagem à atriz Anouk Aimée (Um Homem, Uma Mulher) e um especial sobre o mestre japonês Yasujiro Ozu, que permeia várias das mostras do festival.

Digitais viram rotina -

Claro fica este ano que os tempos de adoração à técnica digital ficaram definitivamente para trás. Integrados ao Fórum do Jovem Cinema, uma das duas principais paralelas, trabalhos em vídeo não são mais encaixados em mostras especiais, mas integrados ao programa oficial. Ao invés de adorados, os digitais passam a ser vistos pela perspectiva pragmática: a opção se dá por medidas de ordem financeira e não para celebrar o novo meio.