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Crise atinge bibliotecas

6 de junho de 2009

A crise econômica na Alemanha está repercutindo num dos setores mais estáveis da vida pública: nos livros. Bibliotecários alertam: a crise financeira e as novas mídias estão ameaçando a existência das bibliotecas.

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Redução na arrecadação de impostos ameaça existência de bibliotecas alemãsFoto: picture-alliance/ ZB

Os rombos nos orçamentos municipais na Alemanha poderão resultar em más notícias para as bibliotecas do país, alertam os especialistas reunidos do 98° Encontro de Bibliotecários Alemães, que contou com 3.500 participantes na cidade de Erfurt.

A ameaça que paira é a de que algumas bibliotecas do país terão que ser fechadas, se a situação não melhorar. "Podemos imaginar que, no próximo ano, teremos um enorme problema", afirmou Susan Riedel, presidente da Associação dos Bibliotecários Alemães.

Mudança de mídia: assunto em debate

Segundo Riedel, algumas das 9 mil bibliotecas do país, que empregam 30 mil funcionários, necessitam da ajuda do governo. Além de discutir as chances de sobrevivência das bibliotecas, os especialistas reunidos em Erfurt debateram ainda outros assuntos relevantes, como as consequências do uso de novas mídias e da digitalização para o setor, bem como o papel exercido, de forma geral, por uma biblioteca numa sociedade em que o acesso doméstico a dados e informação é cada vez mais viável.

Em 2003 e 2004, quando uma redução na arrecadação de impostos atingiu diretamente os municípios alemães, 300 bibliotecas foram fechadas em todo o país. Hoje, diz a presidente dos bibliotecários, as mais vulneráveis ao fechamento são as pequenas, localizadas em zonas rurais.

Pacote de salvação para bibliotecas

Universität Freiburg - Bibliothek
Ameaça latente: Alemanha pode perder prestígio como país da educação e culturaFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

Na luta contra a onda de fechamentos, os bibliotecários reunidos em Erfurt exigem do governo um pacote de salvação das bibliotecas. Ao contrário do que acontece nos países escandinavos, na Alemanha, financiar bibliotecas não é uma obrigação do Estado, mas sim uma escolha do governo. Isso significa que "quando o orçamento aperta, elas são as primeiras a sofrer cortes", diz Riedel.

Ulrich Hoff, da Associação dos Bibliotecários Alemães, afirmou à emissora de rádio MDR que enquanto os custos das bibliotecas continuam a subir, a redução na receita causa rombos no orçamento. "Nossos custos continuam aumentando, mas nossas verbas não", diz ele.

A longo prazo, alertam os organizadores do encontro em Erfurt, a condição da Alemanha como país que valoriza a educação e a formação da população poderá ser afetada.

Em tempos de crise, não precisamos apenas investir na indústria, lembrou Susan Riedel. Segundo ela, se algumas regiões do país tiverem suas ofertas de literatura e informação muito empobrecidas, os efeitos na educação e formação da população serão terríveis.

Menos impostos, mais despesas

No último ano, 76 milhões de euros foram destinados pelo Estado para a compra de novos títulos e novas mídias pelas bibliotecas do país. Uma soma que parece maior do que realmente é, diz Hoff. "Para publicações altamente especializadas, as editoras cobram preços altos", acrescenta o especialista à emissora MDR, lembrando que as bibliotecas passaram a ter que olhar muito bem onde investem seus recursos.

Na Alemanha, as bibliotecas do país recebem 120 milhões de frequentadores por ano. Um número relevante, principalmente se comparado aos apenas 20 milhões que vão a teatros, óperas e salas de concerto.

Autora: Jennifer Abramsohn
Revisão: Augusto Valente