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Bolsonaro impulsiona onda de direita nos estados

8 de outubro de 2018

Irrelevante até esta eleição, PSL do ex-capitão entra no Senado, chega ao segundo turno em disputas estaduais e tem vários deputados entre os mais votados do país. Candidatos de outras siglas também pegam carona.

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Partidários de Bolsonaro comemoram resultado eleitoral no Rio de Janeiro
Partidários de Bolsonaro comemoram resultado eleitoral no Rio de JaneiroFoto: Reuters/P. Olivares

O crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) nos últimos dias na campanha presidencial impulsionou uma onda de candidatos que associaram seu nome ao do ex-capitão em campanhas regionais. Em vários casos, candidatos que amargavam intenções de voto de um dígito ao longo da campanha saltaram para as primeiras posições em disputas pelo Senado e governos estaduais impulsionados pelo crescimento do ex-capitão no país. 

Nas disputas pelos estados, três candidatos do PSL, uma sigla irrelevante até a filiação do ex-capitão, chegaram ao segundo turno, desbancando nomes de velhas elites políticas. O partido também elegeu quatro senadores e tem uma série de deputados federais e estaduais entre os mais votados do país. Também há vários candidatos de outros partidos que são simpáticos ao militar reformado que passaram para o segundo turno em disputas estaduais. 

No Rio de Janeiro, o candidato ao governo Wilson Witzel (PSC), um ex-juiz que era praticamente um desconhecido da imprensa e analistas, saltou para a primeira posição na disputa, chegando ao segundo turno depois de colar sua imagem em Bolsonaro. Ele ultrapassou nomes conhecidos como Eduardo Paes (DEM) e Romário (Podemos), obtendo mais de 40% dos votos.

Em Minas Gerais, Romeu Zema do recém-criado Partido Novo e que declarou nesta semana que vai apoiar Bolsonaro conseguiu 43% dos votos válidos. Ele vai disputar o segundo turno com Antonio Anastasia (PSDB), um político veterano, que conseguiu 29% dos votos. Em São Paulo, João Doria (PSDB), que mesmo sendo filiado ao partido do presidenciável Geraldo Alckmin já fez acenos ao militar reformado e se beneficiou do voto antipetista que resultou em "bolsodoria" no Estado. 

Em Santa Catarina, o bombeiro Comandante Moisés (PSL), que aparecia em quarto lugar na última pesquisa Ibope, mais de dez pontos percentuais atrás do terceiro lugar, disparou para a segunda posição ao obter 29% dos votos e vai disputar o segundo turno. Ele deixou para trás adversários do PT e do MDB que contavam com campanhas mais estruturadas.

Em Roraima e Rondônia, outros dois candidatos do PSL de Bolsonaro ao governo vão disputar o segundo turno. 

Na disputa pelo Senado, a fórmula de associar a candidatura a Bolsonaro também garantiu uma enxurrada de votos nos últimos dias. Em São Paulo, Major Olímpio (PSL), que estava em terceiro lugar no último Datafolha, com 16% das intenções, saltou para a primeira posição, conquistando mais de 25% dos votos e desbancando Eduardo Suplicy (PT). O partido também elegeu filiados em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidenciável, foi o candidato mais votado ao Senado.  

Em Minas Gerais, a onda petista que se confundiu com a ascensão de Bolsonaro na corrida presidencial acabou vitimando a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Favorita para conquistar uma cadeira no Senado ao longo de toda a campanha, a petista acabou ficando em quarto lugar. Foi ultrapassada até mesmo por Dinis Pinheiro, que terminou em terceiro lugar. Ao longo da campanha, Pinheiro abriu uma crise com seu partido, o Solidariedade, ao anunciar apoio a Bolsonaro. O SD tinha se aliado com Geraldo Alckmin (PSDB).

Em Santa Catarina, por pouco um candidato do PSL não conseguiu conquistar uma cadeira no Senado. Ele ficou 0,28 ponto percentual atrás do segundo colocado e desbancou o ex-governador Raimundo Colombro (PSD), que terminou em quarto.

Em São Paulo, o PSL também conseguiu uma votação recorde nas disputas para deputado federal e estadual. Os dois federais mais votados no Estado são do partido: Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, e a ex-jornalista Joice Hasselmann, que é umas principais divulgadoras de notícias falsas em favor do ex-capitão em redes sociais. Eduardo recebeu 1,8 milhão de votos.

Na disputa pela Assembleia, Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff e que chegou a ser convidada para ser vice de Bolsonaro, foi a deputada estadual mais votada da história de São Paulo, com mais de 2 milhões de votos. O segundo mais votado para a Alesp foi Arthur Mamãe Falei (DEM), um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) que também se alinhou com Bolsonaro.  

No Rio de Janeiro, o PSL também contou com os deputados estadual e e federal mais votados.

No Paraná, o deputado estadual mais votado foi Delegado Francichini (PSL), um dos coordenadores da campanha de Jair Bolsonaro. Ele recebeu mais de 400 mil votos (7,59% do total). Seu filho, Felipe, também do PSL, foi o segundo deputado federal mais votado. Só ficou atrás de Sargento Fahur (PSD), um ex-PM ue se tornou famoso no Estado por publicar vídeos de prisão no Facebook e que também já manifestou apoio a Bolsonaro.

O mesmo se repetiu no Rio Grande do Sul, o deputado estadual mais votado foi o Tenente Coronel Zucco, do PSL de Bolsonaro. O segundo deputado federal mais votado foi Onyx Lorenzoni (DEM), também é ligado ao ex-capitão e cotado para assumir algum cargo ministerial em um eventual governo.

Em Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso candidatos do PSL também apareceram como os mais votado para deputado federal.

Apenas o Nordeste não parece ter sido levada pela onda que embalou o PSL e políticos que se associaram com Bolsonaro. Os Estados da região aparecem com a menor proporção de deputados federais e estaduais do PSL entre os mais votados. O partido também não elegeu nenhum senador na região ou chegou ao segundo turno das disputas estaduais. No Nordeste, Bolsonaro aparecia em segundo lugar na preferência dos eleitores na disputa pela Presidência, atrás de Fernando Haddad.   

Apesar do resultado, a fórmula não funcionou para vários candidatos que se associaram com Bolsonaro. A derrota mais notável foi do senador Magno Malta (PR-ES), um dos maiores aliados do presidenciável, que perdeu a reeleição no Espírito Santo. Em Pernambuco, o ex-ministro Mendonça Filho (DEM), que também era apoiado por Bolsonaro, por pouco não conseguiu se eleger ao Senado. 

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