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Bolsonaro indica general para a presidência da Petrobras

20 de fevereiro de 2021

Após críticas à gestão da estatal e ameaçar intervir, presidente anuncia demissão de Roberto Castello Branco e indica Joaquim Silva e Luna para o comando da petrolífera.

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O presidente Jair Bolsonaro
A demissão de Castello Branco vem em meio a críticas do presidente contra a política de preços da PetrobrasFoto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira (19/02) a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e indicou para o cargo o general Joaquim Silva e Luna, ex-ministro da Defesa de Michel Temer e atual diretor-geral da Itaipu Binacional.

"O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello branco", afirma um comunicado publicado no perfil de Bolsonaro no Facebook.

A demissão de Castello Branco vem em meio a críticas do presidente contra a política de preços da Petrobras, após sucessivos aumentos dos combustíveis anunciados pela estatal.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais na quinta-feira, Bolsonaro já havia criticado a Petrobras e seu presidente, e antecipado que faria mudanças na empresa. "Não tem quem não ficou chateado com o reajuste", afirmou o presidente, sobre a mais recente alta nos preços dos combustíveis.

A Petrobras havia informado que, a partir desta sexta-feira, o preço da gasolina nas refinarias subiria 10,2% e o do diesel, 15%, no quarto reajuste anunciado só neste ano.

Bolsonaro também ficou irritado com uma declaração feita por Castello Branco em janeiro, quando disse que a ameaça de greve dos caminhoneiros, que buscava pressionar pela redução do preço do diesel, não era problema da estatal, que pratica preços de paridade internacional.

"Este é um problema que não é da Petrobras", afirmou Castello Branco na época. Na transmissão de quinta-feira, o presidente afirmou que a fala "obviamente" teria consequências.

"Você vai em cima da Petrobras e ela fala: 'Opa, não é obrigação minha'. Ou, como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, né: 'Eu não tenho nada a ver com caminhoneiro. Eu aumento o preço aqui, não tenho nada a ver com caminhoneiro'. Foi o que ele falou, o presidente da Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente", disse Bolsonaro.

Já nesta sexta-feira, em visita a Pernambuco, o presidente reiterou suas ameaças de interferência na estatal petrolífera, embora tenha negado que busca interferir na empresa.

"Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobras. Jamais vamos interferir nesta grande empresa e na sua política de preços, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes", afirmou.

Perda no valor de mercado

Após as críticas de Bolsonaro aos reajustes e sua promessa de mudanças na estatal, a Petrobras perdeu R$ 28,2 bilhões em valor de mercado nesta sexta-feira. As declarações do presidente foram entendidas no mercado como uma ameaça à independência da empresa.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4), mais negociadas, fecharam em queda de 6,62%, enquanto as ações ordinárias (PETR3), com direito a voto, recuaram 7,91%. Assim, o valor da empresa despencou de R$ 383 bilhões na quinta-feira para R$ 354,8 bilhões nesta sexta.

Troca de comando

Roberto Castello Branco havia sido indicado por Bolsonaro para o cargo de presidente da Petrobras ainda em 2018, durante a transição de governo.

Joaquim Silva e Luna, por sua vez, um general da reserva do Exército, foi o primeiro militar a assumir o cargo de ministro da Defesa, no governo do ex-presidente Michel Temer. Em 2019, ele se tornou presidente da usina binacional de Itaipu.

Antes disso, o general atuou como chefe de gabinete do comandante do Exército, entre 2007 e 2011, e chefe do Estado-Maior do Exército, entre 2011 e 2014, entre outros postos.

Silva e Luna é pós-graduado em Política, Estratégia e Alta Administração do Exército pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, e em Projetos e Análise de Sistemas pela Universidade de Brasília.

ek (Reuters, ots)