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Bolsonaro visita Muro das Lamentações ao lado de Netanyahu

1 de abril de 2019

Brasileiro é primeiro chefe de Estado a fazer visita ao lado de um premiê israelense. Local sagrado fica em Jerusalém Oriental, que é ocupada por Israel e disputada com os palestinos.

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Netanyahu e Bolsonaro no Muro das Lamentações
Bolsonaro e Netanyahu visitam local sagrado do judaísmo, em Jerusalém OrientalFoto: Getty Images/AFP/M. Kahana

O presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira (01/04), tornando-se assim o primeiro chefe de Estado a fazer a visita ao lado de um premiê israelense. Os dois líderes se aproximaram do Muro e o tocaram durante a curta visita.

O local é um dos mais sagrados do judaísmo e está localizado em Jerusalém Oriental, que foi ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias e depois anexada, o que não foi reconhecido pela comunidade internacional. Uma visita ao lado do premiê de Israel pode ser interpretada como aprovação tácita da anexação.

Antes, Bolsonaro visitou a Igreja do Santo Sepulcro, na Cidade Velha de Jerusalém. Muitos cristãos acreditam que esse é o local onde Jesus foi crucificado e ressuscitou.

Em 21 de março, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, havia feito o mesmo, tornando-se o primeiro representante do alto escalão do governo americano a visitar o local ao lado do premiê de Israel. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi o primeiro presidente americano a visitar o Muro das Lamentações, mas ele não estava acompanhado de autoridades israelenses.

No domingo, Bolsonaro anunciou que vai abrir um escritório de representação comercial do Brasil em Jerusalém. Essa iniciativa tem menos peso que a transferência de uma embaixada, como anunciado anteriormente, mas também tem valor político para o governo israelense, que tenta legitimar internacionalmente a ocupação de toda a cidade e sua escolha como capital de Israel.

Em resposta, a Autoridade Palestina convocou seu embaixador no Brasil para consultas após a decisão do governo brasileiro de abrir uma representação comercial em Jerusalém. O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina afirmou que adotou a medida "a fim de tomar as decisões apropriadas para enfrentar tal situação", que condenou "nos termos mais fortes".

O ministério considerou a decisão uma "flagrante violação da legitimidade internacional e suas resoluções; uma agressão direta ao nosso povo e a seus direitos e uma resposta afirmativa para a pressão israelense-americana que visa reforçar a ocupação e a construção de assentamentos na área ocupada em Jerusalém".

O movimento radical palestino Hamas também condenou a decisão brasileira de abrir um escritório em Jerusalém, bem como a viagem de Bolsonaro a Israel. Em nota, o grupo afirma que a visita viola leis internacionais e vai de encontro à postura histórica do Brasil de apoio à causa palestina. O Hamas pede ainda que a Liga Árabe faça pressão sobre o governo brasileiro para que o país reverta suas políticas para a região.

Embaixadores de países árabes no Brasil já teriam feito um pedido formal de reunião com Bolsonaro e com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assim que eles voltarem de Israel.

A visita de Bolsonaro ocorre num momento difícil para o premiê israelense, Benjamin Netanyahu. Em poucos dias, o país vai passar por eleições legislativas. Netanyahu vem fazendo esforços para se projetar para os eleitores como uma liderança mundial, o que faz com que parte da imprensa israelense encare a visita de Bolsonaro como um ato de campanha.

No início da semana, o premiê fez uma visita relâmpago aos EUA e foi recebido pelo presidente Donald Trump. Os encontros têm sido usados por Netanyahu para apresentar uma agenda positiva enquanto cresce a expectativa de que ele seja alvo de uma denúncia criminal por suspeita de corrupção.

AS/afp/ap

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