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BP

16 de junho de 2010

Petroleira cede à pressão do presidente Barack Obama e concorda com indenização bilionária às vítimas do vazamento de petróleo. Especialista adverte que consequências do erro da BP serão sentidas por toda a indústria.

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Danos pessoais para quem mora na região são inestimáveis, diz especialistaFoto: AP

A petroleira britânica BP vai reservar cerca de 20 bilhões de dólares para um fundo, a ser gerido de forma independente, destinado ao pagamento de indenizações às vítimas do vazamento de petróleo na costa do Golfo do México.

A informação foi confirmada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, após um encontro nesta quarta-feira (16/06) em Washington, a portas fechadas, com o presidente executivo da BP, Tony Hayward, e que teve a participação do vice-presidente Joe Biden. Na reunião foram discutidos os esforços que estão sendo feitos para conter o maior derrame de petróleo na história dos Estados Unidos.

De acordo com a edição online do jornal The New York Times, o fundo vai ser administrado pelo advogado Ken Feinberg, que foi responsável pelas indenizações às vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque.

O acordo foi alcançado um dia depois de Obama ter anunciado, no seu primeiro discurso ao país a partir da Sala Oval, que ia obrigar a BP a reservar o montante estimado para recuperar a região afetada, que compreende os estados de Louisiana, Mississipi, Alabama e Flórida.

Na noite de terça-feira, num discurso à nação, Obama ressaltou a necessidade de os EUA passarem a investir mais em energias renováveis, citando até mesmo a China como exemplo de país que está investindo em energias "limpas".

"As consequências de nossa falta de ação estão agora claras diante de nossos olhos. Não podemos deixar esse futuro para os nossos filhos", alertou Obama.

Situações parecidas em outras empresas

Para Klaus Töpfer, diretor do Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade de Potsdam e ex-diretor do Pnuma (Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas), o grupo britânico "realmente perdeu o controle sobre como lidar com a crise e falhou em arcar com a responsabilidade" pelo ocorrido.

O comportamento da empresa, continua Töpfer "não foi bom de jeito nenhum. E estou certo de que isso terá consequências sérias não apenas para a BP, mas obviamente para a indústria como um todo. Temos que ter em mente que não se trata apenas da BP, mas há situações comparáveis envolvendo outras empresas, como vimos com o Exxon Valdez e os desastres nas costas europeias".

Ela considera surpreendente que a situação tenha chegado a esse ponto. "Essa não é a única exploração nessas profundidades, há muitas outras. É mais do que surpreendente que tais coisas sejam licenciadas se você não tem condições de lidar com um desastre como esse", afirmou Töpfer em entrevista à Deutsche Welle.

Flash-Galerien: Obama Ölpest Betroffene
Moradores esperam ajuda do EstadoFoto: AP

Para o especialista, Obama não deveria ser tão criticado como vem sendo. Importante, diz Töpfer, é "ter uma compreensão clara das preocupações de todas as pessoas que moram na área mais afetada pelo desastre. Você obviamente tem que focar no desastre ambiental, mas esse desastre ambiental está ligado a um grande desastre para as pessoas que vivem nessa região e ganham a vida com o turismo, a pesca e outros tipos de atividades econômicas", analisa Töpfer.

Energias renováveis

Em suma, acredita Töpfer, a lição deixada pela catástrofe no Golfo do México é a de que "precisamos continuar desenvolvendo novos tipos de recursos energéticos com riscos menores".

Segundo ele, "está mais do que na hora de desenvolvermos energias renováveis, como a solar, eólica, biomassa, geotérmica e outras. Precisamos entender que o sonho de que o petróleo seria barato está definitivamente chegando ao fim", conclui o especialista.

SV/dw/rtr/lusa
Revisão: Alexandre Schossler