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Literatura

Renate Krieger26 de setembro de 2007

O Litrix.de é um programa de apoio à tradução de obras contemporâneas alemãs no exterior. Em 2007/2008, a revista eletrônica se concentra no Brasil, cuja demanda se alinha à oferta do projeto.

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Foto: Bilderbox

O Brasil foi o país escolhido pelo programa de apoio à tradução Litrix.de como país-alvo no biênio 2007/2008 para a difusão da nova geração de autores e a produção intelectual contemporânea da Alemanha. Recentemente, uma delegação do projeto Litrix, uma iniciativa da Fundação Federal de Cultura, fez uma viagem ao país para apresentar o projeto a editoras brasileiras.

"Encontramos editoras com produções que correspondem muito às nossas expectativas e à atual produção [literária] na Alemanha", disse Heike Friesel, responsável pelo setor de literatura infanto-juvenil e não-ficção do Litrix.de em entrevista à DW-WORLD.DE.

Litrix Logo
Litrix.de: demanda de mercado literário brasileiro em sintonia com oferta alemã

Com o Brasil em foco, parece que ficou mais fácil mediar a tradução e a edição de obras contemporâneas da Alemanha no exterior. "O principal nicho do mercado chinês são os livros de auto-ajuda e de aconselhamento. Não trabalhamos com essa área porque é muito vasta", explica Friesel.

Criada em 2004, a revista eletrônica concentrou-se inicialmente no mundo árabe e, um ano depois, na China, por causa da expansão econômica deste país. "Os chineses não experimentam muitas coisas novas, em parte porque a estrutura estatal ainda restringe o mercado editorial", diz.

"No mundo árabe, há uma curiosidade muito grande e abertura para novos temas, especialmente voltados ao diálogo cultural e à religião. Mas o setor infanto-juvenil tem seus limites éticos e morais, houve editoras que queriam alterar ou adaptar algumas obras", explicou.

Litrix auf der Buchmesse in Beirut
Na Feira do Livro de Beirute, Líbano, em 2004: mundo árabe curioso por novos conteúdosFoto: Litrix

O mundo árabe foi a primeira região escolhida pelo projeto por causa de uma tendência verificada após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. "Nos últimos anos, o mundo se concentrou nesta região e na China. O representante de uma editora brasileira disse que seria interessante operar uma reviravolta cultural com foco na América do Sul, e não no eterno diálogo com o Islã. Não temos esse tipo de influência sobre nenhum país, mas essa mudança foi um dos motivos para escolhermos o Brasil", afirma Friesel.

Revista quer organizar oficina de tradutores no Brasil

O site Litrix.de é editado em alemão, inglês e um terceiro idioma que muda a cada ano. Seu trabalho concentra-se, entre outros, em assuntos ligados às ciências humanas e sociais, e biografias. "No Brasil, há grande interesse nesses setores. Cabe muito bem na nossa proposta, já que trabalhamos apenas com títulos muito atuais", assinala. "No setor infanto-juvenil, vimos que é possível incentivar a divulgação de livros infantis de cunho artístico."

10.03.2007 K21 Handy
'Handy', de Ingo Schulze: um dos oito livros que podem ser traduzidos para o PortuguêsFoto: DW-TV

O grupo do Litrix.de também visitou diversas editoras menores, como a Anna Blume, e grandes, como a Companhia das Letras, que publicou A Medida do Mundo, de Daniel Kehlmann, em julho deste ano. Kehlmann é um dos representantes da nova geração de autores alemães, que vêm conquistando o mercado internacional, ao lado de nomes como Ingo Schulze e Robert Löhr (também já publicado no Brasil).

Além da revista eletrônica, a iniciativa estimula o trabalho de tradutores. Em agosto, trouxe profissionais brasileiros para uma oficina na Alemanha. "Talvez consigamos organizar um evento parecido no Brasil, em 2008", diz Heike Friesel.

"Ano brasileiro" termina no final de 2008

Heike Friesel Porträtfoto Litrix
Heike Friesel, do LitrixFoto: Litrix

Desde maio de 2007, o Litrix mantém uma página em português, com trechos traduzidos de obras contemporâneas da Alemanha. Atualmente, estão sendo apresentados oito livros recentemente publicados no país. Um dos destaques é Handy, Dreizehn Geschichten in alter Manier (Celular, treze histórias à moda antiga), de Ingo Schulze.

"Temos também Ilija Trojanow com O colecionador de mundos. Entretanto, como o projeto para o Brasil começou há pouco tempo, ainda não tivemos muito retorno das editoras", conta. "Mas o livro de Manfred Geier, Worüber kluge Menschen lachen (Sobre o que riem as pessoas inteligentes), que fala de humor na filosofia, foi muito bem recebido [no Brasil]."

Nos próximos meses, a colaboração entre editoras e tradutores alemães e brasileiros (ou lusófonos) ficará mais intensa. Em outubro, a 59ª Feira de Livros de Frankfurt deverá ajudar na troca de idéias. O júri alemão do Litrix, composto por críticos literários e tradutores, também vai selecionar entre dez e 15 obras a serem divulgadas no exterior.

Daniel Kehlmann auf der Frankfurter Buchmesse porträtfoto
Daniel Kehlmann, 32: um expoente da nova geração de autores alemães lidos no exteriorFoto: dpa

Dessa oferta, um júri brasileiro (composto pelos tradutores Marcelo Backes e Irene Aron e pelo jornalista Eduardo Simões) escolherá as obras que serão oferecidas às editoras brasileiras, em novembro. Os interessados poderão comprar os direitos de publicação das editoras alemãs. O Litrix faz a intermediação, financiando traduções ou oferecendo o serviço de tradutores.

Para a representante do Litrix.de, o êxito dos jovens autores alemães nos últimos anos é importante para mudar a imagem da produção literária no país. "Essa nova literatura pode quebrar o estereótipo normalmente associado às obras alemãs: pesadas, sem entretenimento."

"O ideal é que um dos autores escolhidos este ano participe da Festa Literária Internacional de Parati (FLIP), em 2008. E certamente estaremos na Bienal do Livro em São Paulo, em agosto do ano que vem", planeja Friesel.