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Brasil adere à "coalizão de alta ambição" em Paris

Nádia Pontes, de Paris11 de dezembro de 2015

Delegação brasileira se junta a grupo que age nos bastidores a favor de acordo mais ambicioso, que limite o aumento da temperatura a 1,5˚C até 2100.

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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante reunião com outros líderes em ParisFoto: picture-alliance/AP Photo

A um dia do acordo final na Conferência do Clima em Paris (COP21), a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira anunciou que o Brasil vai aderir à “coalizão de alta ambição”, grupo formado por mais de 100 países e até agora cercado por mistério.

“É uma iniciativa feita pelas Ilhas Marshall que mobilizou vários países para que pudéssemos fazer progressos [nas negociações] e ficar abaixo [da elevação da temperatura] de 1,5˚C e trabalharmos juntos”, respondeu.

Até então, a coalizão era formada por países poderosos, como Estados Unidos, Canadá e o grupo da União Europeia, e algumas nações em desenvolvimento, como Colômbia e México. Brasil, China, Índia e África do Sul não teriam sido convidados para se juntar ao grupo. No dia anterior, Gao Feng, da delegação chinesa, não quis comentar o fato de não ter sido “convidado”.

“O Brasil defende a posição que está no texto de sairmos abaixo de 2˚C pontos e irmos para 1,5˚C e depois evoluir”, afirmou Teixeira.

Questionado sobre o porquê de esses países não terem sido “convidados”, o ministro das Relações Exteriores das Ilhas Marshall, Tony de Brum, respondeu: “Outros países são bem-vindos, mas é preciso trazer alta ambição para o acordo”, comentou, sem dar mais detalhes.

Segundo um representante do governo norueguês, a ideia da iniciativa nasceu há três anos, com União Europeia e Noruega, mas ganhou corpo durante as negociações na COP21.

Paris COP21 Klimakonferenz Journalisten
Aglomeração de jornalistas durante a conferência do clima: resultado das negociações ainda em incertoFoto: DW/N. Pontes​

O grupo defenderia principalmente quatro pontos: querem que o Acordo de Paris tenha forca de lei; que o documento sinalize uma meta de longo termo para conter a temperatura seguindo o que a ciência indica; uma revisão a cada cinco anos das metas de redução das emissões; e ainda um sistema unificado para avaliar o progresso dos países no corte da poluição. Este último é especialmente controverso, por os países em desenvolvimento temerem serem expostos de maneira indesejada.

“Esperamos que Paris seja um ponto de virada na luta contra mudanças climáticas”, disse ainda sobre a coalizão Tina Sundtoft, ministra de Meio Ambiente da Noruega.

Para a ministra Izabella Teixeira, a última versão do texto melhorou muito em relação ao primeiro rascunho. “Sinaliza caminho de convergência”, comentou. “O Brasil facilitou junto com Alemanha e Cingapura conversas na área de diferenciação. Ainda há algumas dificuldades, o dia será de reuniões bilaterais.”

“Não adianta ter um acordo em que os grandes emissores não estejam a bordo. Eu não acredito num acordo em Paris se Estados Unidos, China, União Europeia não estiverem a bordo. A gente tem que entender quais são as condições que eles também colocam”, completou Teixeira sobre o pacto prestes a ser fechado na COP21.