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Brasil e Uruguai fazem novo jogo decisivo sob sombra de velho fantasma

Rafael Plaisant25 de junho de 2013

Invicta há 12 anos no confronto, seleção brasileira joga contra a Celeste em busca de vaga na final em partida cercada de tensão e referências ao "Maracanazo". Protestos do lado de fora do Mineirão preocupam.

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Foto: NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images

Já se passaram seis décadas e mais de 40 partidas. Mas todas as vezes que o Brasil enfrenta o Uruguai num jogo decisivo – seja no Rio, seja em Montevidéu – a palavra Maracanazo inevitavelmente aparece. E nesta quarta-feira (26/06), na semifinal da Copa das Confederações, no Mineirão, não será diferente.

Desde aquela final de 1950, Brasil e Uruguai já fizeram seis finais, todas de Copa América e duas vencidas pelo Brasil. Uma delas, em 1989, no Maracanã e no mesmo 16 de julho da tragédia de 49 anos antes. Nada, no entanto, parece ser suficiente para exorcizar o fantasma do maior trauma do futebol brasileiro.

"Já vivi tudo isso quando perdemos a final da Copa América de 1989 para o Brasil", disse o técnico do Uruguai, Óscar Tabárez, em entrevista recente ao site da Fifa. "'O Maracanazo' está longe no tempo e é inigualável. Não temos porque invocá-lo. Ganhemos ou perdemos a Copa das Confederações, o mito continuará grandioso como sempre."

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Ghiggia chuta para marcar o 2º do Uruguai em 1950 e impor o maior trauma da história do futebol brasileiroFoto: AP

O técnico admite, porém, que a Celeste vem sendo chamada com razão ultimamente de estraga-prazeres. Desde que Tabárez assumiu o cargo, os uruguaios eliminaram todos os três anfitriões que enfrentaram em torneios internacionais. Foi assim contra a Venezuela, em 2007, nas semifinais da Copa América; contra a África do Sul, na fase de grupos do Mundial de 2010; e nas quartas de final da Copa América de 2011, contra a Argentina.

Retrospecto positivo para o Brasil

Para repetir o feito nesta quarta-feira, os uruguaios apostam novamente em seu trio ofensivo. Juntos apenas na vitória contra o México, na segunda rodada, Luis Suárez, Edinson Cavani e Diego Forlán estão confirmados para o clássico. Suspenso no último jogo, o capitão Diego Lugano está de volta. E o discurso é de buscar a vitória a qualquer custo.

"O Uruguai se sente bem em momentos assim, em partidas tão importantes, porque historicamente foi uma equipe que ganhou muito e em torneios grandes", disse Lugano. "Somos uma geração de jogadores que já entrou para a história e queremos seguir nesse caminho. O Brasil é o Brasil, mas, atenção: o Uruguai também é o Uruguai."

Já o Brasil terá a seu favor a volta do volante Paulinho, ausente por lesão no jogo com a Itália, e o retrospecto positivo contra o Uruguai. Desde julho de 2001, na estreia de Luiz Felipe Scolari em sua primeira passagem pela seleção, que os uruguaios não vencem – são quatro empates e duas vitórias brasileiras.

Confederations Cup / Uruguay - Nigeria / nach Siegtreffer Diego Forlan
Forlán comemora seu gol contra a Nigéria: atacante está confirmado ao lado de Suárez e Cavani no ataqueFoto: Reuters

"É um clássico sul-americano. Alguns dizem que é pior do que Brasil e Argentina”, disse o goleiro Júlio César. "O fato de terem ganhado a Copa América faz com que tenham muita confiança. E como o Brasil ganhou os últimos enfrentamentos, talvez estejam engasgados com a gente."

A partida será cercada de tensão também fora do campo. Manifestantes programam um grande protesto para a tarde desta quarta-feira nos arredores do Mineirão. Alegando questões de segurança, a Fifa recomendou que a delegação uruguaia deixe o menos possível o hotel. No sábado, enquanto México e Japão se enfrentavam no estádio, uma manifestação nos arredores reuniu cerca de 60 mil pessoas e terminou em confronto com a polícia.

Prováveis escalações

Brasil: Julio César; Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva, Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar; Hulk, Neymar e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Uruguai: Fernando Muslera; Maxi Pereira, Diego Lugano, Diego Godín e Martín Cáceres; Arévalo Ríos, Diego Pérez e Álvaro González; Diego Forlán, Luis Suárez e Edinson Cavani. Técnico: Óscar Tabárez

Local

Mineirão – Belo Horizonte

Árbitro

Enrique Osses (Chile), auxiliado por seus compatriotas Carlos Astroza e Sergio Romá.

Destaques

Brasil

Fred: Após passar em branco nas duas primeiras rodadas, o atacante do Fluminense marcou duas vezes contra a Itália e foi decisivo. Na era Felipão, sua média de gols é superior até à de Neymar (0,75 contra 0,6). Fred é um dos homens de confiança do técnico da seleção.

Confed Cup Brasilien gegen Italien
Fred comemora gol brasileiro contra a Itália: atacante tem a melhor média de gols da era FelipãoFoto: C.Simon/AFP/GettyImages

Uruguai

Cavani: Vive a melhor fase de sua carreira. Na atual temporada, marcou 29 vezes em 34 partidas com a camisa do Napoli. Ainda não desencantou na Copa das Confederações, mas carrega, ao lado de Forlán e Suárez, boa parte das esperanças dos uruguaios de chegarem à decisão.

Retrospecto

Brasil e Uruguai já se enfrentaram 70 vezes em amistosos e torneios. São 32 vitórias brasileiras, 19 uruguaias e 19 empates.

Último confronto

As duas seleções se enfrentaram pela última vez em 2009, em Montevidéu, pelas Eliminatórias para a Copa da África do Sul. O Brasil venceu por 4 a 0, gols de Daniel Alves, Juan, Luis Fabiano e Kaká.

Curiosidade

O Mineirão foi inaugurado em 6 de setembro de 1965. E a partida de abertura foi entre Brasil e Uruguai. A seleção brasileira, na ocasião representada pelo time do Palmeiras, venceu por 3 a 0.