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Terreno seguro

18 de agosto de 2011

Maior inimigo atual de economias como a dos Estados Unidos e dos países da UE, o déficit público não ameaça o Brasil. Para Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, país se diferencia por política fiscal sólida.

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Política fiscal brasileira seria grande diferencial, comenta Banco CentralFoto: picture-alliance/dpa

Quatro anos depois dos primeiros indícios da crise financeira internacional, o Brasil se encontra numa posição mais robusta e confortável, apesar de toda a instabilidade que ronda os países mais ricos. É o que garante Alexandre Tombini, presidente do Banco Central: "A situação fiscal é uma área importante, que hoje diferencia o Brasil de outros países quando se vê toda essa volatilidade e esse tumulto no mercado financeiro global. E, com certeza, a economia brasileira tem uma posição fiscal muito sólida", afirmou Tombini em conversa com a imprensa de fora do país nesta quinta-feira (18/08).

A prova dessa força, segundo ele, são os resultados alcançados até agora: depois de cortar 50 bilhões de reais do orçamento de 2011, o país registrou no primeiro semestre um superávit primário de 78 bilhões no setor público, ou seja, a economia feita pelo governo central, estados, municípios e empresas estatais para o pagamento de juros da dívida.

Tombini considera esse contexto "muito forte", e uma indicação de que o Brasil segue a linha do que precisa ser alcançado até o fim do ano. O valor do primeiro semestre equivale a 3,99% do Produto Interno Bruto (PIB), e a meta para o ano é de aproximadamente 3%.

A crise da dívida pública é o maior inimigo atual de potências como os Estados Unidos e países da Europa. Mas esse mal não deve chegar a terreno brasileiro, acredita o presidente do Banco Central. "Em 2007, quando a crise internacional começou, a dívida pública brasileira era de 45,5% do PIB. Hoje ela é de 39,7% (aproximadamente R$1,5 trilhão) e essa taxa está caindo", compara.

Briga à brasileira

A luta no Brasil é contra a inflação e em todo o mundo essa batalha é comentada. Ao mesmo tempo em que a previsão do crescimento do PIB para este ano é de 4%, o da inflação é de 6,4%, bem acima da meta do governo de 4,5%.

"A inflação está subindo basicamente em todos os países, especialmente nos mercados emergentes. Mas estamos muitos ativos nesta luta e implementamos uma política bem específica para controlar a inflação e trazê-la ao nível planejado. E achamos que estamos caminhando positivamente nesse sentido", respondeu Tombini à Deutsche Welle, acrescentando que reconhece que ainda há muito trabalho e o sinal de alerta continua ligado.

A política aplicada pelo governo incluiu o aperto das condições do mercado de crédito. O pacote de medidas, acredita o governo, deve começar a surtir efeito em breve: para o período entre setembro e abril de 2012 é aguardada uma queda de 2% da taxa de inflação.

Terreno seguro

Desde o agravamento da crise, em setembro de 2008, as chamadas economias maduras não dão sinal de melhora. Segundo um estudo recente de Carmen Reinhart & Kenneth Rogoff, economistas norte-americanos, os países da OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apresentam, em média, um crescimento de 130% na dívida soberana. Para agravar a situação, os mercados vêm testando, já há algum tempo, a capacidade desses países de gerir suas finanças públicas.

O Brasil se considera preparado para enfrentar esse cenário complexo. Como grande defesa, o país classifica o câmbio flutuante como uma arma: num momento mais difícil da crise financeira internacional, o câmbio é a primeira linha de ajuste. Outro ponto favorável seriam as reservas internacionais, que chegaram a 350 bilhões de dólares – 150 bilhões a mais que em 2008.

Quanto à valorização do real frente ao dólar, Tombini, que comanda a instituição responsável por assegurar a estabilidade financeira no Brasil, diz que medidas para moderar a entrada de capital no país estão em discussão. Por outro lado, ao que tudo indica, a atratividade brasileira para os investidores internacionais deve continuar em alta com tantos abalos vistos atualmente nas economias tradicionais.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Soraia Vilela