1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

América Latina e UE

15 de maio de 2009

Mecanismo financeiro para projetos de infraestrutura e avanços rumo a um acordo de associação com o Sistema de Integração Centro-Americana são os resultados do encontro entre a UE e América Latina realizado em Praga.

https://p.dw.com/p/HrOw
UE e América Latina querem cooperar no desenvolvimento de novas fontes energéticasFoto: cc-OpenStreetMap-sa-2.0 / DW-Montage

A semana de negociações, tanto em grupo como em encontros bilaterais, entre a União Europeia (UE) e a América Latina não se encerrou somente com as usuais declarações de boas intenções. Um fundo europeu para apoiar projetos de infraestrutura e o avanço das negociações rumo a um acordo de associação são aspectos concretos do encontro realizado em Praga.

Foi dado, também, um apoio expresso ao México em sua luta contra a epidemia de gripe suína. Como era esperado, reinou cordialidade nos encontros com representantes de Cuba, sem que houvesse concessões ao pedido de Havana para normalizar as relações.

Wolfgang Kreissel-Dörfler, deputado alemão no Parlamento Europeu, qualificou o encontro encerrado nesta sexta-feira (15/05) de "extremamente importante". "Devido à crise financeira mundial, que enfrentamos juntos, precisamos de uma melhor cooperação entre os países da América Latina e Europa, porque esse problema não pode ser resolvido por cada um isoladamente", disse à DW-WORLD.DE Kreissl-Dörfler, que trabalhou durante vários anos para o DED, Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social, e presidiu a comissão de observadores nas eleições na Guatemala.

Acordo com a América Central

Dez anos após a "relação estratégica" entre o Grupo do Rio e o bloco europeu e 25 anos depois do Diálogo de San José – fórum de intercâmbio entre a Europa e a América Central –, parece despontar uma luz no fim do túnel nas negociações sobre um acordo de parceria com o Sistema de Integração Centro-Americana (Sica).

Global Media Forum Teilnehmer Benita Ferrero-Waldner
Ferrero-WaldnerFoto: GMF

Segundo declarou a comissária europeia de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, ele poderá entrar em vigor até o início do próximo ano. As formas concretas desse acordo de associação dependem muito de "como uns se entendem com os outros e como evoluem suas relações com os Estados Unidos, com a Venezuela de Chávez e com Cuba", acrescentou Kreissl-Dörfler.

Em relação às críticas nicaraguenses de que "o mundo não é propriedade de um pequeno grupo" – em referência ao G-20 – e ao pedido de Manágua de fortalecer o papel das Nações Unidas "como único foro com mandato mundial", Kreissl-Dörfler opina: "Lamento muito esta postura do governo de Daniel Ortega. Acho que não eles sabem muito bem como funciona a política de hoje e que suas ideias ficaram presas ao pensamento sandinista dos anos 1980. Com os problemas que enfrenta a população nicaraguense, o país não está numa situação forte. Creio que a política de Ortega não representa uma ajuda real ao processo de integração".

Vantagens do acordo de associação

Apesar disso, o Sica – formado por Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Costa Rica, Belize, Honduras, Panamá e República Dominicana – conseguiu com a UE acordos regionais que continuam congelados com outros grupos, como o Mercosul.

"Justamente para a América Central é positivo que se faça um acordo de associação, porque não se podem tratar melhor temas como matérias-primas, energia e cooperação econômica", disse à DW-WORLD.DE a parlamentar europeia Erika Mann, ao fazer um balanço do encontro na capital tcheca.

"Há problemas regionais que são similares e que podem ser mais bem tratados em acordos regionais", disse Mann. Segundo ela, há dificuldade de realizá-los, "uma vez que na prática política prevalecem os interesses individuais dos países".

Em relação à gripe suína, a União Europeia e o Grupo do Rio expediram um comunicado conjunto em que reconhecem "o enorme empenho das autoridades mexicanas para conter a expansão do vírus".

Interlocutor nada fácil

O pleno restabelecimento das relações com Cuba depende dos progressos do país em relação aos direitos humanos, salientou Jan Kohut, ministro do Exterior da República Tcheca, país que ocupa a presidência semestral da União Europeia.

Nas negociações bilaterais entre Havana e a UE, previstas para junho próximo, em Bruxelas, será tomada uma decisão. "Cuba deveria levar esta questão mais a sério", opina Kreissl-Dörfler, para quem "a oferta de Obama a Cuba é um ponto importante e sério. Cuba deveria abrir-se de tal maneira que a cooperação com os Estados Unidos funcionasse melhor".

Para Erika Mann, "apesar de Cuba não ser um interlocutor fácil no contexto latino-americano e muito menos em nível internacional […] foi bom que tenha participado [do encontro]. Cada inclusão de Cuba na comunidade internacional é um passo a mais no sentido de uma normalização, que é, na realidade, o que todos queremos".

Meio ambiente e energia

Quanto aos grandes temas da cúpula – a proteção do meio ambiente e a segurança energética –, o encontro não teve resultados tão concretos, a não ser a declaração do desejo de "cooperar para o desenvolvimento de energias novas e renováveis em ambas as regiões" e de "trabalhar em conjunto para a Cúpula de Copenhague".

O anúncio da Comissão Europeia sobre a criação de um mecanismo financeiro para apoiar projetos energéticos e de infraestrutura pode ser visto como um avanço nesse sentido. "Os projetos concretos contribuem mais para a coesão do que centenas de discursos", afirmou a comissária Ferrero-Waldner.

O mecanismo, constituído por fundos programados para a cooperação com a América Latina, foi concebido para evitar a interrupção de investimentos na região devido à crise, e também para incentivar o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente a partir da criação de infraestrutura. A forma concreta que assumirão esses fundos dependerá, segundo Kreissl-Dörfler, "dos projetos que o Grupo do Rio sugerir à comunidade europeia".

Autora: Mirra Banchón

Revisão: Simone Lopes