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Cada infectado contagiou outros três no Brasil, diz estudo

31 de julho de 2020

Pesquisadores analisaram dados sobre os três primeiros meses da pandemia. Estudo mostra que taxa de transmissão no Brasil neste período foi superior a de países europeus duramente atingidos.

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Mulher distribui máscaras em Heliópolis, São Paulo
Estudo analisou dados disponibilizados pelo Ministério da SaúdeFoto: Reuters/A. Perobelli

Cada infectado com a covid-19 no Brasil transmitiu, em média, o novo coronavírus para outras três pessoas no início da epidemia, mostrou um estudo publicado nesta sexta-feira (31/07) pela revista científica Nature Human Behavior, que analisou as características epidemiológicas da doença entre fevereiro e maio.

Realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Oxford, entre outras instituições, o estudo revelou que o número básico de reprodução, R0, do novo coronavírus durante os três primeiros meses da pandemia no país ficou em 3,1. 

Esse índice indica para quantas pessoas o vírus é transmitido por um infectado. Se ele é superior a 1, cada paciente transmite a doença a pelo menos mais uma pessoa, e o vírus se dissemina. Se é menor que 1, o número dos contágios retrocede.

Os pesquisadores compararam também o número básico de reprodução do Brasil com o de países europeus duramente afetados pela pandemia e concluíram que a taxa de transmissão no país foi superior à registrada na Espanha (2,6), França (2,5), Reino Unido (2,6) e Itália (2,5). Além disso, os países europeus conseguiram reduzir o R0 com a adoção de medidas restritivas e quarentenas.

"Enquanto as curvas de incidência para os países europeus consistentemente achataram e diminuíram desde a implementação de intervenções não farmacêuticas (sugerindo que o R0 caiu para abaixo de 1), a curva de incidência diária no Brasil continuou a aumentar", afirma o estudo.

A pesquisa indicou que houve uma rápida disseminação da covid-19 pelo Brasil, que começou por munícipios mais populosos e com melhores conexões e se espalhou posteriormente pelos menores. Os pesquisadores apontam a falta de um lockdown e testes como fatores que contribuíram para a propagação "rápida e sustentada" da epidemia no país.

Apesar da adoção de medidas restritivas para conter a epidemia, o estudo salienta que o número básico de reprodução ainda é superior a 1, ou seja, o vírus continua se disseminando. 

Os pesquisadores concluem que os resultados do estudo fornecem um contexto importante para o planejamento de saúde e triagem de diagnósticos, além de servir de base para futuras pesquisas sobre os impactos das medidas para conter a covid-19.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram os dados sobre a covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde entre 25 de fevereiro e 31 de maio, quando o país registrava 514.200 casos e 29.314 mortes. 

Atualmente, o Brasil contabiliza o total de 2.610.102 de infecções e 91.263 óbitos.

CN/ots

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