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Camarões tem que driblar problemas internos para repetir 1990

Philip Verminnen10 de junho de 2014

No grupo do Brasil, "Leões Indomáveis" tiveram preparação conturbada para a Copa. Mas elenco com experiência no futebol europeu pode ajudá-los a reeditar o que conseguiram na Copa da Itália, quando chegaram às quartas.

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O atacante Samuel Eto'o: estrela e principal esperança da seleção de CamarõesFoto: Getty Images

Se fosse pelos nomes no elenco, a seleção de Camarões poderia ser considerada o adversário mais complicado do Brasil no Grupo A. Liderados pelo badalado atacante Samuel Eto'o, os camaroneses chegam à sua sétima Copa do Mundo com um tiume experiente, mas minado por brigas de egos e disputas administrativas. E este é, talvez, o principal obstáculo para que os "Leões Indomáveis" consigam repetir a façanha de 1990, quando derrotaram a atual campeã mundial Argentina na estreia e chegaram às quartas de finais.

Para quem acompanha as principais ligas do futebol europeu, alguns nomes da seleção camaronesa soam familiares. O lateral-direito Assou-Ekotto passou pelo Tottenham; o zagueiro central Chedjou jogou anos no futebol francês e hoje está no Galatasaray; o também zagueiro N'koulou defende o Olympique de Marseille; Webó atuou por quase uma década no futebol espanhol e hoje é atual campeão turco pelo Fenerbahce. E o meio-campista Alex Song veste a camisa do poderoso Barcelona.

Com tanta experiência dos campeonatos europeus – apenas dois atletas dos 23 convocados atuam em Camarões – não dá mais para repetir o velho clichê de que o futebol africano é apenas "irresponsabilidade", desprovido de qualquer tática. O técnico de Camarões é alemão, Volker Finke, e sua equipe joga no clássico 4-4-2.

Itandje guarda a meta e, além de Assou-Ekotto, Chedjou e N'koulou, Nyom fecha a linha defensiva. Os dois volantes são Song e Matip, do Schalke 04, e os dois meias mais ofensivos são Makoun e Enoh. Na frente, ao lado da grande estrela Eto'o, podem atuar tanto Webó como o atacante Choupo-Moting, do Mainz.

Se há algo de positivo a ser destacado na preparação de Camarões para o Mundial seria Choupo-Moting. Nascido na Alemanha, o jovem atacante chegou a disputar torneios nas categorias de base da seleção alemã, mas optou por aceitar o convite do então técnico dos "Leões Indomáveis" Paul Le Guen e participar da Copa de 2010. Mais maduro e depois de uma temporada consistente, Choupo-Moting apareceu bem no amistoso contra a Alemanha (marcou um gol) e não só tirou a vaga de Mohamadou Idrissou, como tem tudo para ser titular na Copa.

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Roger Milla dança no Mundial da de 1990: foi a última vez que Camarões passou da primeira faseFoto: Getty Images

O problema é que em grandes orneios, aquilo que acontece fora das quatro linhas é tão decisivo quanto a condição física ou a qualidade técnica. Em competições de tiro curto, vale concentração, foco e mente livre são tão importantes quanto talento. Mas, desde a Copa de 2010, a seleção de Camarões já vivenciou briga de egos; disputas entre as gerações de jogadores; e um episódio de desacato ao treinador por parte de Eto'o, que abandonou a seleção e depois voltou atrás. Em meio à crise, Camarões conseguiu o feito de não se classificar para a Copa das Nações Africanas.

O último desentendimento interno foi por conta da premiação para o Mundial. A federação ofereceu um valor abaixo do pedido pelos jogadores, que ameaçaram entrar em greve. Os atletas chegaram a se recusar a sair do hotel, em Yaoundé, mas resolveram a questão financeira e, finalmente, com um dia de atraso, Camarões desembarcou no Brasil – prometendo deixar as desavenças para trás.

Camarões enfrenta o Brasil na última rodada da fase de grupos, no dia 23 de junho, em Brasília. Será o quinto confronto entre as duas seleções. Nos quatro anteriores, Camarões venceu uma vez (justamente o último encontro, na Copa das Confederações de 2003) e o Brasil venceu três (incluindo a única partida em Mundiais: 3 a 0 em 1994).

Antes do Brasil, os "Leões Indomáveis" jogam com o México (13/06), em Natal, e depois enfrentam a Croácia, em Manaus, no dia 18. A esperança dos camaroneses é que os problemas internos sejam deixados de lado e que a seleção consiga o que desde 1990, com o histórico time de Roger Milla, não consegue: ir além da fase de grupos.

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Apenas dois atletas dos 23 convocados atuam no futebol de CamarõesFoto: picture alliance/AP

Os 23 convocados :

Goleiros:
Charles Itandje (Konyaspor/TUR)
Sammy N'Djock (Fethiyespor/TUR)
Loïc Feudjou (Coton Sport)

Defensores:
Allan Nyom (Granada/ESP)
Dany Nounkeu (Besiktas/TUR)
Cedric Djeugoue (Coton Sport)
Aurélien Chedjou (Galatasaray/TUR)
Nicolas N'Koulou (Olympique de Marselha/FRA)
Henri Bedimo (Lyon/FRA)
Benoit Assou-Ekotto (Queens Park Rangers/ING)

Meias:
Eyong Enoh (Antalyaspor/TUR)
Jean Makoun (Rennes/FRA)
Joël Matip (Schalke 04/ALE)
Stéphane Mbia (Sevilla/ESP)
Landry N'Guémo (Bordeaux/FRA)
Alex Song (Barcelona/ESP)
Edgar Salli (Lens/FRA)

Atacantes:
Samuel Eto'o (Chelsea/ING)
Maxim Choupo-Moting (Mainz 05/ALE)
Benjamin Moukandjo (Nancy/FRA)
Vincent Aboubakar (Lorient/FRA)
Pierre Webó (Fenerbahçe/TUR)
Fabrice Olinga (Zulte Waregem/BEL)