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Escândalo 2.0

13 de maio de 2011

Revelação da campanha empreendida pelo Facebook contra a política de proteção de dados da Google revela disputa entre os gigantes das redes sociais e da internet. Facebook nega ter encomendado "campanha de difamação".

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Facebook não se desculpou
Gigantes da internet em guerraFoto: AP/dpa/DW

A rede social Facebook se encontra diante de um escândalo em potencial. Ela encarregara a agência de relações públicas Burson-Marsteller de divulgar reportagens críticas sobre a prática de privacidade da Google, numa campanha de descrédito contra a gigante da internet.

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Facebook não se desculpouFoto: di.slik.es/dacebook/DW

Porém o tiro saiu pela culatra, quando um blogueiro rejeitou a oferta da Burson-Marsteller, e em vez disso publicou na internet os e-mails da agência. Nesta quinta-feira (12/05), a Facebook confirmou tudo, embora assegurando que não encomendara uma "campanha de difamação".

O porta-voz da rede social afirmou que esta queria apenas que terceiros – blogueiros e jornalistas – investigassem se a Google coletava e avaliava, sem permissão, informações de usuários postadas nas páginas do Facebook. Assim, ela teria apenas engajado a agência de relações públicas para chamar a atenção da coletividade para o tema.

Segundo a Facebook, a agência deveria utilizar "informações acessíveis publicamente". O porta-voz não ofereceu nenhum pedido de desculpas por parte de sua empresa, a qual teria tratado do assunto de forma "transparente e séria".

Proteção de dados

A revelação da campanha de descrédito mostra mais uma vez a rivalidade entre a gigante da internet Google e a crescente rede social Facebook, também na berlinda devido a sua prática de privacidade. Com um valor de mercado avaliado em 50 bilhões de dólares, a Facebook é mais valiosa do que, por exemplo, a montadora BMW ou o Deutsche Bank.

No entanto, a empresa não produz nada, no sentido clássico da palavra: seu valor está na riqueza de dados. E eles são muitos: cerca de 600 milhões de usuários confiam suas informações ao Facebook. A confiança dos usuários, no entanto, não é recompensada necessariamente com um tratamento confidencial de seus dados.

A Facebook tem ocupado diversas vezes as manchetes, devido a seu descuido com a proteção de dados. Recentemente, a empresa de segurança para computadores Symantec informou que, provavelmente durante anos, firmas de publicidade puderam acessar os dados dos usuários do maior portal do mundo.

Círculos sociais

Com a contratação da renomada agência Burson-Marsteller para divulgar relatos críticos sobre a Google entre blogueiros e jornalistas, a Facebook vivencia agora um novo desastre de relações públicas. A história veio à tona através do blogueiro Christopher Soghoian.

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Coletar e avaliar dados eletronicamente é o que a Google faz melhorFoto: dpa

A Burson-Marsteller estava disposta a enviar material para a postagem encomendada e, em seguida, também assumir a divulgação em grandes empresas de mídia. A Facebook queria se apresentar como vítima da acumulação de dados da Google.

O alvo do ataque era a nova oferta da Google, Social Circles (círculos sociais), a qual também reflete o ambiente de rede do usuário, acessando as redes sociais a que ele pertence. Para tal, a Google usa o que sabe fazer melhor: coleta e avalia dados eletronicamente. Também os dados visíveis publicamente dos usuários do Facebook, numa prática denominada scraping.

Estratégia de comunicação

No entanto, muitos desses dados estão de qualquer forma à disposição de todos. Quem participa do Facebook não tem alternativa a não ser tornar públicos seu nome, foto de perfil e sexo. E através da inscrição com as "configurações recomendadas", o Facebook leva seus membros a divulgar – não somente para o círculo de "amigos", como para qualquer pessoa – mensagens de status, fotos, currículo, família.

O fato de a Google usar esses dados para seus modelos de negócios não agrada à Facebook. Apesar de a planejada campanha de descrédito contra a Google ter saído pela culatra, não se espera que isso venha a prejudicar a Facebook.

Esta aparentemente parte do princípio que o escândalo estará esquecido nas próximas semanas. Só assim se pode compreender a estratégia de comunicação da empresa em relação à campanha de descrédito: falar o mínimo possível e bola para a frente.

Autor: Matthias von Hein / Carlos Albuquerque
Revisão: Augusto Valente