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Candidato presidencial exige recontagem de votos no Congo

12 de janeiro de 2019

Eleição que era chance de transição pacífica após regime Kabila ameaça resultar em violência. Segundo resultados oficiais, Tshisekedi teria vencido por 34% dos votos, mas adversário Fayulu afirma ter obtido 61%.

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Oposicionista congolês Martin Fayulu
Oposicionista Martin Fayulu: "Eles me chamam de soldado do povo, e eu não vou decepcionar o povo"Foto: Reuters/B. Ratner

O candidato derrotado no pleito presidencial da República do Congo Martin Fayulu declarou neste sábado (12/01) que requereu uma recontagem dos votos pelo Tribunal Constitucional, declarando que "não se pode fabricar resultados a portas fechadas". O prazo para apresentação de recursos era de 48 horas após a divulgação dos resultados oficiais.

A corte poderá recusar o apelo. Segundo o presidente da comissão eleitoral, Corneille Nangaa, há duas opções: ou os resultados oficiais são aceitos, ou o voto será anulado, mantendo o presidente Joseph Kabila no poder até uma nova eleição.

Fayulu é um comerciante cuja agenda declarada é limpar o país da corrupção difundida. A coalizão de oposição pela qual concorreu alega, com base em números compilados por 40 mil observadores eleitorais da conferência episcopal Cenco, que ele obteve 61% dos votos, contra apenas 18% para o vencedor, Félix Tshisekedi, enquanto os resultados oficiais conferem 38% ao presidente eleito e 34% a seu adversário. A Igreja Católica é uma das raras instituições em que os congoleses ainda confiam.

Fayulu afirma que Tshisekedi teria feito um acordo escuso com Kabila para obter o poder na nação africana rica em minerais. Seu pedido de recontagem está acompanhado de depoimentos de testemunhas nas seções eleitorais de várias partes do país, declarou: "Eles me chamam de soldado do povo, e eu não vou decepcionar o povo."

Cerca de 50 membros da Guarda Republicana de Kabila armados de fuzis se postaram diante da casa de Fayulu na manhã do sábado, dispersando dezenas de apoiadores que entoavam palavras de ordem contra o presidente e Tshisekedi. Em vídeo postado no Twitter, Fayulu afirmou tratar-se de uma tentativa de impedi-lo de apresentar o pedido ao tribunal, acrescentando que "o medo continua no campo deles".

Também neste sábado a Comissão Eleitoral divulgou que a coalizão liderada por Kabila conquistara maioria absoluta na Assembleia Nacional. O órgão escolherá o primeiro-ministro e constituirá o próximo governo, reduzindo dramaticamente as chances de reformas dramáticas sob Tshisekedi.

Os congoleses se encontram agora na situação excepcional em que um pleito presidencial teria sido supostamente manipulado em favor da oposição. "Isto é mais do que uma farsa eleitoral, é uma tragédia", tuitou o grupo ativista Lucha, apontando maioria para o partido governista também nas urnas regionais.

Apesar de uma participação inferior a 40%, a eleição presidencial de 30 de dezembro de 2018 poderia representar a primeira transição de poder pacífica e democrática no Congo desde sua independência em relação à Bélgica, em 1960, e após 18 anos de regime Kabila.

Observadores advertem, contudo, que uma intervenção judicial poderá redundar em violência. Os serviços de internet estão suspensos no país desde o dia da votação.

AV/ap,rtr,afp

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