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Candidatos democratas concentram ataques em Sanders

26 de fevereiro de 2020

Senador que lidera primárias do partido vira alvo de colegas em debate na televisão. Ex-prefeito Bloomberg também enfrenta fogo cruzado, enquanto Warren e Biden tentam recuperar terreno na disputa pela indicação.

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Pré-candidato democrata Bernie Sanders (c.) enfrenta ataques de seus adverários em debate
Pré-candidato democrata Bernie Sanders (c.) enfrenta ataques de seus adverários em debateFoto: picture-alliance/AP/R. Ellis

No debate desta terça-feira (26/02), marcado por altercações, extrapolações dos limites de tempo e várias interrupções entre os participantes, os pré-candidatos do Partido Democrata para concorrer à presidência dos Estados Unidos concentraram os ataques no senador Bernie Sanders, até o momento o favorito para a indicação do partido.

Os rivais do veterano senador tentaram apresentá-lo como um candidato polêmico e de ideias difíceis de serem implementadas. Eles afirmaram que Sanders seria uma escolha de risco para concorrer à Casa Branca contra o presidente Donald Trump. No debate realizado na Carolina do Sul, alguns dos pré-candidatos chegaram a afirmar que a indicação de Sanders seria "catastrófica" para o partido e custaria aos democratas a vaga na Casa Branca e o controle sobre o Congresso.

Sanders, que se apresenta como "socialista", lidera a disputa pela indicação do partido após vencer com folga as primárias do partido no estado de Nevada. O debate desta terça-feira era visto como a última chance para seus rivais tentarem frear o bom momento do senador, antes das primárias na Carolina do Sul e da chamada "super-terça-feira", na qual eleitores democratas em 14 estados escolherão seus favoritos para concorrer à Casa Branca.

Em meio aos ataques, Sanders não alterou em nada seu discurso nem tentou se aproximar dos eleitores democratas moderados. Ele defendeu sua proposta de que o acesso aos serviços de saúde é um direito de todos e reiterou que seu plano de substituir os seguros de saúde privados por um programa administrado pelo governo tem grande apoio da população.

"Se quisermos derrotar Trump, precisamos de um movimento de base sem precedentes, com negros, brancos e latinos, americanos nativos e asiáticos, que estão se levantando e lutando por justiça. É isso o que é o nosso movimento", disse o senador de Vermont. Sanders também foi criticado por ter elogiado durante uma entrevista o sistema de saúde introduzido por Fidel Castro em Cuba.

A senadora Elizabeth Warren, uma das principais concorrentes de Sanders, também da ala mais à esquerda, não poupou ataques ao seu colega de partido, mas que compartilha de algumas de suas ideias. "Eu acho que eu serei uma presidente melhor do que Bernie. E o motivo disso é que avançar essa agenda progressista vai ser algo muito difícil", afirmou. Warren tenta recuperar terreno após resultados frustrantes nas três primárias realizadas até agora.

"Bernie vai perder para Donald Trump", alertou o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, afirmando que, se o senador ganhar a indicação, o partido arrisca perder não apenas na Casa Branca, mas também na Câmara e no Senado. "Vladimir Putin acha que Donald Trump deve ser o presidente dos EUA. É por isso que a Rússia está lhe ajudando a se eleger, para que você perca para ele", atacou o bilionário, dirigindo-se a Sanders.

Ele fez referência a matérias nos grandes jornais dos EUA sobre um suposto apoio de Moscou à candidatura de Sanders, o que também foi denunciado pelo próprio senador. Segundo as matérias, Sanders foi informado pelos serviços de informação americanos a respeito de interferências no processo eleitoral a seu favor, mas com o objetivo real de promover a vitória de Trump.

"Alguém aqui consegue imaginar os democratas moderados trocando de lado e votando nele?", questionou o ex-prefeito de Nova York.

Bloomberg, por sua vez, também não foi poupado no debate. Warren renovou os ataques feitos por ela no debate anterior, acusando o ex-prefeito de ter um histórico de atitudes sexistas.

O pré-candidato, que gasta somas milionárias numa campanha publicitária para promover seu nome, disse que investiu dinheiro de seu próprio bolso para apoiar candidaturas democratas nas últimas eleições para o Congresso e que ajudou a eleger a atual líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, para "controlar" Trump.

"Se vocês acham que os últimos quatro anos foram caóticos, divisivos, tóxicos, exaustivos, imaginem o que vai ser na maior parte de 2020 com Bernie Sanders contra Donald Trump", observou o moderado Pete Buttigieg, ex-prefeito de South Bend, no estado de Indiana. Ele acusou Sanders de modificar a estimativa de custos de alguns de seus programas governamentais, inclusive na área de saúde.

Um dos mais pressionados na corrida pela indicação do partido é o ex-vice-presidente Joe Biden, que no ano passado liderava as pesquisas de opinião como o favorito entre os democratas para concorrer à Casa Branca.

Biden espera contar com o apoio dos eleitores negros, que formam 60% da base democrata na Carolina do Sul, mas uma pesquisa recente revela que Sanders está à frente também nesse eleitorado. O resultado das primárias deste sábado poderá ser decisivo para as pretensões de Biden.

RC/rtr/ap

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