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Carnaval de Colônia sob a sombra da noite de Ano Novo

Andreas Gorzewski (fc)4 de fevereiro de 2016

No primeiro dia da festa, o horror dos abusos sexuais e furtos em torno da catedral da cidade deverá ficar em segundo plano. Neste ano, a polícia mobilizou um grande contingente de homens para evitar incidentes.

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Foto: picture alliance/dpa/O. Berg

Fantasiadas de elfo, abelha, vaquinha, Minnie Mouse, ursinho ou índia, um grande número de mulheres e homens saem da estação ferroviária central de Colônia. Como todos os anos, na abertura da festa na região do Rio Reno, a Weiberfastnacht(Quinta-Feira das Mulheres), os foliões são quem dita as regras, num dos principais bastiões do Carnaval renano.

No entanto, os prenúncios dos "dias loucos" são diferentes dos anos anteriores. Muitas mulheres ainda guardam as imagens da noite de Ano Novo. A onda de assédios sexuais e apalpos não consentidos na praça diante à estação central ofusca a inocência do Schunkeln – o balanço em conjunto, ao som da música – e do Bützen – a liberdade carnavalesca para beijar.

"Nós evitamos os locais onde há muita gente", revela uma estudante trajando lederhose, a tradicional calça de couro bávara, e meias até o joelho, olhando em direção à estação. Este ano ela escondeu melhor seus objetos de valor do que de costume. Sua amiga, de meia-calça azul e chapéu de Smurf, concorda e completa: "Tivemos que ouvir dos nossos pais para termos mais cuidado."

Umas dez mulheres vestidas de zebra passam atrás delas, deixando bem claro que não vão deixar ninguém lhes estragar o Carnaval. Uma turista americana diz se sentir totalmente segura, apesar de ter ouvido falar dos ataques durante o réveillon.

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Aviso a foliões: cuidado com batedores de carteira. Presença de câmera visa desencorajar delitosFoto: Reuters/W. Rattay

Presença da violência recente

À primeira vista, esta Quinta-Feira das mulheres em frente à estação de trens pouco lembra o horror da noite de Ano Novo. Sob a garoa, homens e mulheres fantasiados passam pelo local. Muitos têm uma cerveja na mão. De alto-falantes soam músicas tradicionais de Carnaval e confetes cobrem o chão. A metade da área já está bloqueada com arquibancadas para o desfile da segunda-feira.

Apenas os carros da polícia e a câmera de vigilância móvel diante da entrada principal da estação evocam a noite que provocou discussões acaloradas em todo o país.

Há cinco semanas, centenas de rapazes tornavam impossível o trânsito seguro ali. Fogos de artifício e foguetes eram lançados contra os passantes. De acordo com testemunhas, os que importunavam brutalmente as mulheres eram, sobretudo, jovens de origem árabe e do Norte da África. Até o momento, a polícia já recebeu mais de 800 denúncias de agressão sexual e furto.

Isso não deve se repetir no auge da assim chamada "quinta estação do ano" na região renana. Os seis dias do Carnaval de rua em Colônia serão um importante teste para o novo chefe da polícia da cidade, Jürgen Mathies.

Polícia onipresente

Mathies enfatizou que seus agentes vão intervir de forma consequente e precoce. Para que – ao contrário do Ano Novo – isso seja possível por toda parte, foram mobilizados 2.500 homens, mais do dobro que nos anos anteriores.

De fato, forças de segurança uniformizadas estão presentes em toda a cidade, mas se mantêm em segundo plano. Em meio à multidão, veem-se mais foliões fantasiados de agentes do FBI ou da unidade especial da polícia alemã SEK do que policiais de verdade. A prefeita de Colônia, Henriette Reker, anunciou: "Vamos celebrar em Colônia o tradicional e mundialmente famoso Carnaval, como sempre temos feito."

Apesar das medidas de segurança, permanece uma sensação incômoda para muitos foliões. "A pessoa presta atenção para quem está do lado", admite uma mulher de capa preta. "A gente está mais sensibilizada", concorda sua colega, de fantasia vermelho e branca, com o brasão de Colônia pintado nas bochechas.

Ainda assim, a mulher de 30 e poucos anos não vai deixar que lhe estraguem a alegria carnavalesca. "Esta é a nossa Colônia. Não vamos deixar que nos tirem isso – e nós somos muitos", afirma, desafiadora. Logo em seguida as duas se juntam à barulhenta massa de foliões que segue em direção ao centro.

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Colonianos e turistas querem salvaguardar alegria do CarnavalFoto: picture-alliance/dpa/M. Hitij

Etiqueta carnavalesca

A Weiberfastnacht – ou, em dialeto coloniano, Wieverfastelovend – marca o início dos "dias loucos" em diversas cidades ao longo do Rio Reno. O ponto alto da festa é o desfile da Segunda-Feira de Carnaval, antes de tudo acabar, na Quarta-Feira de Cinzas.

Para que então lá não haja nenhum mal-entendido, a municipalidade distribui, também nos centros de refugiados, informações sobre o que é permitido ou não no Carnaval. Nem toda beijoca na bochecha é um convite para algo mais. Quando uma jovem – ou lecker Mädche, no dialeto local – diz "não", isso quer realmente dizer "não" – como, aliás, em todos os demais dias do ano.

Nos folhetos, as autoridades alertam: "Cuidado com o contato físico". Em caso de agressão sexual, recomendam "correr, gritar, se defender". Um "security point" com psicólogas, próximo à catedral de Colônia, serve como eventual centro de atendimento. Nas primeiras horas da festa, a polícia de Colônia não registrou mais incidentes do que o habitual.

A controversa recomendação da prefeita da cidade para que as mulheres mantenham os estranhos "a um braço de distância", é difícil de seguir, devido à aglomeração. Especialmente nas tradicionais kneipen do centro da cidade, onde se festeja quando o tempo é chuvoso, isso é impossível.

Indagada se este ano se comportará diferente do habitual, uma jovem de 20 e poucos anos, vestida de elfo e de peruca verde replica: "Na verdade, não", ela só quer se divertir. Porém ressalva, em seguida: "No ano passado estava mais animado."