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Carro de político da AfD é incendiado na Alemanha

3 de março de 2020

Polícia investiga suspeita de incêndio criminoso contra veículo de copresidente da AfD, partido acusado de estimular atentados de extrema direita. Autoridades temiam represália da extrema esquerda após ataque em Hanau.

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Tino Chrupalla, copresidente da AfD
"Se continuar assim, teremos uma guerra civil", disse Tino Chrupalla, copresidente da AfDFoto: picture-alliance/dpa/H. C. Dittrich

O carro do copresidente do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) Tino Chrupalla foi alvo de um suposto incêndio criminoso, e a polícia investiga a suspeita de motivação política.

Segundo o político, o veículo estava no interior do terreno onde fica sua casa em Gablenz, no estado da Saxônia, no leste do país. O carro pegou fogo na madrugada desta segunda-feira (02/03). Bombeiros conseguiram impedir que as chamas se alastrassem, mas não conseguiram salvar o veículo.

Chrupalla condenou o que chamou de um ataque contra a sua família, que "ultrapassa todos os limites concebíveis". Após tentar ele mesmo apagar o fogo, o político se queixou de dificuldades para respirar e foi levado a um hospital por precaução. Ele foi liberado no mesmo dia.

"Este ataque incendiário à minha família e a mim é mais uma prova do que alertei contra e do motivo pelo qual pedi a todos os atores políticos por moderação e autorreflexão", escreveu Chrupalla no Twitter.

No fim de semana, o político, membro do Parlamento alemão desde 2017 e copresidente da AfD desde dezembro passado, havia alertado contra uma "brutalização alarmante do debate político".

Chrupalla disse que, após os recentes ataques a tiros que resultaram na morte de nove pessoas de origem estrangeira em Hanau, próximo a Frankfurt, a AfD foi acusada de impulsionar assassinatos racistas, sendo politicamente marginalizada e socialmente ostracizada. "Se continuar assim, teremos uma guerra civil nos próximos anos", afirmou.

Em Hanau, a polícia achou uma carta do suspeito – que foi encontrado morto em sua casa, juntamente com a mãe, após os ataques – assumindo a autoria dos atentados e defendendo posições extremistas de direita e claramente racistas, além de um vídeo discutindo teorias da conspiração.

Após o ocorrido em Hanau, as forças de segurança da Alemanha disseram estar se preparando contra possíveis atos de represália. Uma reportagem de veículos do grupo alemão de mídia Funke revelou que agentes envolvidos em investigação sobre terrorismo acreditavam ser provável que extremistas de esquerda lançassem atos de protesto contra a extrema direita, assim como ataques a representantes da AfD, acusada de estimular atos de ódiono país.

Após a queima do carro de Chrupalla, políticos de vários partidos condenaram o ocorrido, afirmando que as diferenças políticas não podem ser resolvidas com violência.

"A brutalização crescente nos preocupa. Quem recorre a esses métodos divide a sociedade, provoca novas agressões. Um ato segue-se a outro. Temos que quebrar esse ciclo de violência", afirmou o governador da Saxônia, Michael Kretschmer, da União Democrata Cristã (CDU)  partido da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Kretschmer afirmou que não se trata apenas de violência física, mas também "do que é dito em palavras e discursos". "A AfD contribuiu muito nesse sentido nos últimos meses e anos", criticou.

"A violência contra políticos e políticas é inaceitável. Esta não é uma forma de debate político", afirmou Martin Dulig, líder do Partido Social-Democrata (SPD) na Saxônia.

Jörg Meuthen, que copreside a AfD ao lado de Chrupalla, afirmou que políticos e jornalistas precisam moderar suas críticas à AfD, "pois extremistas entendem essas críticas como chamados para cometerem os piores crimes".

"A violência de esquerda está aumentado", afirmou o líder da AfD na Saxônia, Jörg Urban.

Os ataques a políticos são cada vez mais frequentes na Alemanha. Em 2019, o Ministério do Interior registrou 589 delitos contra políticos. O que mais chamou atenção foi o assassinato de Walter Lübcke, membro da CDU que, em junho de 2019, foi alvejado em frente à sua casa, na cidade de Kassel, por um extremista de direita.

LPF/dpa/efe

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