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Carro suspeito atrasa jantar de Schröder e Putin

(gh)10 de abril de 2002

Um BMW suspeito atrasou o jantar do presidente russo, Vladimir Putin, com o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, em Weimar. Oriente Médio e relações teuto-russas foram dois temas da agenda.

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Presidente russo, Vladimir Putin, (e), com o chanceler federal alemão, Gerhard Schroeder, (d).Foto: AP

O presidente russo, Wladimir Putin, chegou à Alemanha, nesta terça-feira (9), para um encontro de cúpula com o chanceler federal alemão Gerhard. Ele foi recebido com honras militares na praça do mercado de Weimar, cidade do leste alemão em que aconteceu o segundo "Diálogo de Petersburgo". Mais de mil pessoas saudaram os dois políticos, a caminho da primeira reunião, na prefeitura da cidade que é o berço do classicismo alemão.

Durante a visita oficial de dois dias, Putin pretende abordar com Schröder a crise no Oriente Médio, o combate ao terrorismo internacional, a possível intervenção militar dos EUA no Iraque, as relações econômicas bilaterais e a aproximação da sociedade civil alemã e russa.

Um incidente, contudo, atrasou o jantar dos dois políticos no restaurante "Alt Weimar". Quando Schröder se dirigia à mesa com seu convidado, a polícia decidiu evacuar o local, por causa de um BMW escuro, estacionado nas proximidades. A suspeita era de que pudesse tratar-se de um carro-bomba. O automóvel acabou sendo guinchado, após a chegada de uma unidade especializada em explosivos e não tendo sido identificado o proprietário.

Enquanto os cozinheiros e garçons esperavam na rua, Schröder e Putin dirigiram-se ao tradicional Hotel Elephant, onde ambos irão pernoitar, para prosseguir o encontro na quarta-feira (10). O jantar começou com uma hora de atraso. Schröder levou tudo com bom humor. "Espero que haja linguiça da Turíngia", disse o chefe de governo alemão aos curiosos que se estavam nas proximidades. Após o jantar, ambos participaram de um programa de entrevistas da televisão alemã. Putin, que chegou a morar na Alemanha Oriental, fala fluentemente alemão.

Saque de guerra - Em pauta estão ainda uma dívida russa dos tempos da União Soviética e o destino das obras de arte roubadas pelo Exército Vermelho, durante a Segunda Guerra Mundial. Na sexta-feira passada, o parlamento russo aprovou a devolução de 111 vitrais do século 14, que foram levados da igreja de Santa Ana, em Frankfurt no Oder, e encontram-se expostas em São Petersburgo.

No final da tarde, os dois estadistas participaram do encerramento do segundo "Diálogo de Pertersburgo", um encontro de dois dias, em que mais de 100 representantes russos e alemães discutiram aspectos econômicos e culturais das relações bilaterais.

Schröder reiterou seu apoio à política de modernização e estabilização econômica implementada por Putin. Ele defendeu também uma maior integração da Rússia na União Européia, na OTAN e no grupo dos países mais industrializados do planeta. O presidente russo, por sua vez, exigiu da Europa o reconhecimento de seu país como "parceiro em pé de igualdade".

Dívida soviética - Além de assinatura prevista de acordos comerciais no valor de 1,5 bilhão de euros, os representantes dos dois países querem resolver questões relativas à pesca predatória e velhos créditos russos devidos à ex-Alemanha Oriental (RDA) e herdados pela Alemanha unificada.

O governador de Brandemburgo, Manfred Stolpe (SPD), sugeriu transformar as dívidas soviéticas num fundo para contatos econômicos entre os dois países. A Rússia e a Alemanha negociam, há anos, uma solução para os 7,4 bilhões de "rublos de transferência", que a URSS devia à RDA quando caiu o Muro de Berlim, em 1989. Os alemães exigem um câmbio de 1 dólar para um 1 rublo, o que não é aceito pelos russos.