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Cemile Giousouf: o rosto da nova CDU

Rayna Breuer (sv)13 de setembro de 2013

Jovem, mulher e muçulmana: Cemile Giousouf é uma exceção entre os democrata-cristãos. Como primeira candidata muçulmana, ela disputa as próximas eleições pelo partido assumidamente cristão.

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Foto: DW/R. Breuer

Cemile Giousouf, 34 anos, nasceu na Alemanha, filha de pais pertencentes à minoria turca na Grécia. Com dois anos de idade foi enviada pela mãe para a Grécia, onde cresceu ao lado dos tios. A mãe ficou na Alemanha, pois precisava trabalhar. Dois anos mais tarde, ela buscou a filha.

"Se há o que se chama de uma infância típica dos filhos de trabalhadores turcos na Alemanha, a minha infância tem diversos paralelos com ela", fala Giousouf. "Meus pais queriam que eu e meu irmão tivéssemos um futuro melhor. Por isso valorizavam tanto a educação. Eles não puderam nos ajudar do ponto de vista de conteúdo, mas fizeram de tudo para que tivéssemos o apoio necessário", recorda.

A candidata a deputada federal Giousouf passou sua infância em Leverkusen, no oeste da Alemanha, e estudou Ciências Políticas em Bonn. No seu tempo livre, engajou-se no Fórum Turco-Alemão – uma organização da União Democrata Cristã (CDU), no estado da Renânia do Norte-Vestfália. Esta foi sua porta de entrada para a política, exatamente num partido que representa valores conservadores e cristãos. "De início, eu pensava, como muita gente, que a CDU não seria de fato um partido onde os migrantes pudessem estar em casa, mas de 2005 para cá muita coisa mudou. O tema da integração ganhou prioridade", diz Giousouf.

Segundo ela, a CDU já ultrapassou em muito os outros partidos quando o assunto é integração. O perfil cristão da facção tampouco incomoda Giousouf, muito pelo contrário: "Os fiéis, não importa a que religião pertençam, têm interesses parecidos. Tanto os muçulmanos quanto os cristãos na Alemanha defendem, por exemplo, uma educação religiosa na escola. Os verdes por sua vez não. Eles querem, no lugar da religião, aula de ética".

O novo caminho da CDU

Cemile Giousouf é obrigada a correr de um compromisso para o outro. A associação dos motoqueiros da cidade organizou uma festa ao ar livre, com música, comida e jogos, com a presença do diretor regional da CDU, Christoph Purps. Ele vê a escolha da candidata Giousouf como o início de uma tendências na facção: "Já estava na hora de dar esse passo. Na minha opinião, não importa a crença, pois as diversas religiões têm mais coisas em comum que diferenças", diz Purps.

Cemile Giousouf Bundestagskandidatin CDU
Cada aparição pública é meticulosamente ensaiadaFoto: DW/R. Breuer

Segundo ele, a CDU ainda precisa se mexer muito mais, mas os rumos estão certos. "Hoje não questionamos, dentro da CDU, por exemplo, se alguém é católico ou protestante. Nos anos de fundação do partido isso era diferente. Estou plenamente convencido de que, daqui a alguns anos, ninguém mais perguntará o credo dos outros", fala Purps.

Cemile Giousouf acaba tendo pouco tempo para os amigos e a família, pois é consumida por encontros formais, conversas rápidas e compromissos. "Meus pais me parabenizaram, a princípio, pela candidatura, mas agora estão reclamando que fico raramente em casa", diz Giousouf rindo.

Seu empenho pela política parece valer a pena. "Sempre fui uma eleitora relapsa. Aqui na Alemanha acontece só muito raramente algo em prol do bem-estar do cidadão. Já perdi a confiança nos políticos há anos", fala Joshua, proprietário de uma loja na cidade de Hagen. Mas depois de falar pessoalmente com Cemile Giousouf, ele pode imaginar que dará seu voto a ela no próximo dia 22. "Acredito que ela seja uma pessoa honesta, que queira realmente mudar alguma coisa e vá se empenhar em prol disso".

Exemplo para os migrantes

No Parlamento alemão, Cemile Giousouf pretende se dedicar aos temas educação e família. "Toda criança precisa ter a oportunidade de receber uma boa educação. No momento, o que acontece é que os filhos de pais com curso superior têm sete vezes mais chances de concluir um curso universitário que os filhos de pais sem formação universitária", fala a candidata.

Além disso, diz Giousouf, é preciso melhorar as condições das mulheres que exercem uma profissão. "A CDU fez uma ótima política familiar, com aumento do número de vagas nos jardins-de-infância e introdução de um benefício para os pais. Esses são assuntos que dizem respeito também aos imigrantes", diz. No entanto, acrescenta a candidata, é preciso ainda fazer muita coisa neste sentido, pois muitas mulheres ainda abdicam de ter filhos com medo de retroceder em suas carreiras.

Sommerfest St. Christophorus Kindergarten in Hagen
Festa em jardim-de-infância na cidade de HagenFoto: DW/R. Breuer

Cemile Giousouf ainda não pensou concretamente a respeito do que a espera em Berlim. "Agora vou de um compromisso a outro, tentando fazer uma boa campanha eleitoral", diz ela. E uma coisa ela acredita já ter conseguido: fazer com que outras pessoas com histórico de migração tenham coragem de seguir carreira na política.