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TerrorismoNigéria

Centenas de estudantes raptadas na Nigéria são libertadas

2 de março de 2021

Cerca de 280 garotas foram sequestradas de escola e estavam desaparecidas desde sexta-feira. Presidente nigeriano insinua que governos estaduais estejam pagando resgates.

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Centenas de garotas nigerianas usando um hijab azul sentadas numa sala de conferência após serem libertadas de um sequestro em massa na Nigéria
"Estávamos dormindo quando, de repente, começamos a ouvir tiros. Eles atiravam sem parar"Foto: Afolabi Sotunde/REUTERS

Centenas de adolescentes raptadas de uma escola em Jangebe, no noroeste da Nigéria, foram libertadas nesta terça-feira (02/03), segundo informaram autoridades do país africano.

"Fico feliz por poder anunciar que as jovens foram libertadas [...] e estão em boa saúde", disse o governador do estado de Zamfara, Bello Matawalle, em declarações à agência de notícias AFP. "O número total de jovens raptadas da escola é de 279, e estão todas conosco."

Autoridades nigerianas haviam divulgado inicialmente que 317 jovens foram sequestradas da Escola Secundária de Ciências na cidade de Jangebe na última sexta-feira. Homens armados atacaram o centro de ensino e sequestraram as garotas com idades entre 12 e 17 anos. 

As adolescentes libertadas foram levadas a instalações do governo, onde receberam roupas limpas e cantaram o hino nacional perante autoridades e jornalistas.

"Estávamos dormindo quando, de repente, começamos a ouvir tiros. Eles estavam atirando sem parar. Saímos de nossas camas, e pessoas disseram que deveríamos correr, que eles eram bandidos", disse uma das sobreviventes.

"Eu estava com muito medo de levar um tiro", disse a garota, acrescentando que os sequestradores pediram informações sobre os aposentos dos funcionários e da direção. Outra vítima relatou que os homens as fizeram caminhar durante horas. "Algumas de nós tinham tantas dores nas pernas que tiveram de ser carregadas."

Série de sequestros em escolas

Trata-se do quarto ataque a escolas em menos de três meses na região. Grupos criminosos e milícias jihadistas executam raptos de jovens para exigir, em troca, a libertação de seus membros e o pagamento de resgates a fim de financiar suas organizações, que atuam na região em torno da bacia do lago Chade, na zona fronteiriça entre Nigéria, Camarões, Níger e Chade.

No sábado, 27 estudantes sequestrados  em 17 de fevereiro foram libertados. Em dezembro, 344 alunos raptados numa escola de Katsina, estado vizinho de Zamfara, foram libertados após negociações. A autoria foi reivindicada pelo grupo extremista islâmico Boko Haram, que até então se limitava a atacar no noroeste da Nigéria.

O incidente em Zamfara ocorreu nove dias depois do sequestro de 28 estudantes e vários professores da Escola de Ciências em Kagara, no vizinho Níger.

Embora as autoridades neguem pagar resgate pelas libertações, o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, emitiu um comunicado na sexta-feira em que exortou os governos estaduais "a revisarem suas políticas de recompensar bandidos com dinheiro e veículos, e que tal política pode resultar em consequências desastrosas".

A Nigéria tem sido palco de vários sequestros e ataques desse tipo ao longo dos anos. O mais notório deles ocorreu em abril de 2014, quando 276 garotas foram raptadas pelo Boko Haram de uma escola no estado de Borno. Mais de cem dessas garotas ainda estão desaparecidas.

pv/ek (Efe, Lusa, AFP, AP, Reuters)