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Checkpoint Berlim: A musa inspiradora

Clarissa Neher15 de julho de 2016

Capital alemã é dessas cidades que atraem artistas e inspiram canções, filmes e literatura. O repertório sobre Berlim é eclético, indo do clássico ao rock, com compositores de destaque no cenário da música mundial.

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Iggy Pop e David Bowie em março de 1977 na Alemanha
Iggy Pop e David Bowie em março de 1977 na AlemanhaFoto: Getty Images

Existem cidades que são eternizadas em canções. Como não lembrar de Nova York na voz de Frank Sinatra no sucesso que leva o nome da metrópole. Berlim é também uma dessas cidades musas, apesar desse seu lado atraente não ser tão conhecido.

Assim como Nova York, a capital alemã foi tema e título de uma canção gravada por Frank Sinatra: Hot Time in The Town of Berlin. Porém, a música berlinense não tem nem um pouco do charme da dedicada à cidade americana, pois remete à guerra.

Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008
Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Sinatra não é único cantor de destaque que falou sobre a capital alemã em suas músicas. Ao longo de sua história, a cidade acolheu músicos, cineastas, artistas plásticos, atores, diretores de teatro. A hospitalidade de Berlim foi retribuída em obras.

Entre as personalidades mais ilustres que passaram por aqui estão David Bowie e Iggy Pop que dividiram, no fim da década de 1970, um apartamento no bairro Schöneberg. Na cidade, Bowie produziu os álbuns "Low" e "Heroes". Já Iggy Pop teria se inspirado no metrô berlinense para escrever The Passenger.

"Eu olho através da minha janela tão brilhante/ Eu vejo as estrelas saírem no céu", é bem possível, mas só ele pode confirmar a informação passada pela sua namorada da época.

O repertório musical sobre Berlim é eclético. Além de Sinatra e Bowie, Marlene Dietrich, Édith Piaf, U2, Ramones, Sex Pistols, Pink Floyd, Beirut, R.E.M, entre tantos outros, imortalizaram a cidade em suas vozes e canções.

Entre os compositores alemães contemporâneos, o rei do rock alemão, Udo Lindenberg, dedicou várias músicas à musa e algumas em protestos contra o isolamento do lado oriental. Em "Sonderzug nach Pankow" (Trem especial para Pankow), de 1983, o cantor, ironicamente, solicita ao então chefe de Estado da República Democrática Alemã (RDA) permissão para se apresentar do outro lado de Berlim. E a ação parece ter surtido efeito. Meses depois, ele faria um show na capital oriental.

O lado feio da musa também aparece em uma ou outra canção. Em Schwarz zu Blau (Do preto para o azul), por exemplo, Peter Fox deixa o romantismo de lado e retrata a Berlim suja e cinzenta, com ratos e cocô de cachorro espalhados pelas ruas.

Berlim também foi musa de artistas brasileiros. A cidade, ou mais precisamente a rainha do rock alemão, Nina Hagen, inspirou a banda brasileira Tokyo, comandada por Supla, na música "Garota de Berlim".

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.