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China acusa EUA de criarem "inimigo imaginário"

26 de julho de 2021

Chineses afirmam que Washington não está em posição de criticar Pequim por direitos humanos durante reunião com número dois da diplomacia americana. Wendy Sherman é a mais alta funcionária da gestão Biden a ir à China.

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Representantes de China e EUA durante encontro
Relações entre os dois países vêm se deteriorando desde encontro em AnchorageFoto: Frederic J. BROWN/POOL/AFP/Getty Images

A China acusou os Estados Unidos de transformarem Pequim em um "inimigo imaginário" durante uma reunião de cúpula na cidade portuária de Tianjin, no nordeste do país, realizada nesta segunda-feira (26/07).

O encontro entre a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, e seu homólogo chinês ocorre em meio à deterioração das relações entre as duas maiores economias do mundo.

O vice-ministro do Exterior da China, Xie Feng, afirmou durante a reunião que os EUA "querem reacender o senso de propósito nacional estabelecendo a China como um 'inimigo imaginário'".

"A esperança pode ser que, ao demonizar a China, os EUA possam de alguma forma culpar a [...] China por seus próprios problemas estruturais", disse Xie a Sherman, de acordo com um registro da reunião divulgado por Pequim.

Xie também disse que os EUA são responsáveis ​​por um "impasse" nas relações bilaterais e pediu uma mudança em "sua mentalidade altamente equivocada e política perigosa". Ele acrescentou que Washington não está qualificado para fazer críticas em relação aos direitos humanos.

"Reunião saudável e profissional"

Já as autoridades americanas descreveram a reunião como "saudável" e "profissional", mas disseram que as negociações não resultaram em nenhum acordo concreto. Em nota, os EUA informaram que não buscam conflito com a China.

“Há algumas coisas que vão além das diferenças específicas que são responsabilidade global das grandes potências”, disse Sherman por telefone à agência de notícias AP após o término das negociações.

Sherman compartilhou suas preocupações sobre a falta de cooperação da China a respeito de uma segunda fase da investigação que a OMS está conduzindo sobre as origens da covid-19, conforme o comunicado. Ela também mencionou os casos de vários cidadãos americanos e canadenses que a China deteve.

Mais alto funcionário na China

Sherman é a autoridade americana de mais alto escalão a visitar a China desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu o cargo em janeiro. Ela está participando de negociações com Xie, responsável pelas relações EUA-China, e com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Ela não vai a Pequim.

Antes da visita, as autoridades americanas deram uma visão geral da posição esperada do vice-secretário de Estado na reunião. Os EUA disseram que recebem bem a competição com a China, mas insistem em condições de concorrência equitativas e "barreiras de proteção" para evitar quaisquer conflitos em potencial.

Os EUA têm criticado a maneira como a China lida com Hong Kong e levantado preocupações sobre o tratamento dado aos muçulmanos uigures em Xinjiang. O Senado dos EUA aprovou um projeto de lei para proibir as importações da região do extremo oeste da China por causa de questões de trabalho forçado.

Possível visita de Biden

A ida de Sherman ocorre após uma reunião altamente contenciosa em Anchorage, Alasca, no início deste ano, onde Wang e o veterano diplomata chinês Yang Jiechi se encontraram com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan.

As negociações terminaram com as autoridades chinesas protestando contra o estado da democracia nos EUA e os EUA acusando a China de retardar o andamento da reunião.

As relações entre Washington e Pequim continuaram a se deteriorar desde então, com sanções retaliatórias e golpes diplomáticos de ambos os lados.

A visita de Sherman está sendo vista como um passo em direção a um eventual encontro entre Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, embora autoridades americanas tenham dito que tal encontro não foi discutido em Tianjin nesta segunda-feira.

md (AP. Reuters, AFP)