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China decola com negócio bilionário

(rsr)7 de dezembro de 2005

Acordo fechado entre chineses e a Airbus garantirá ao país mais populoso do mundo a compra de 150 aeronaves. Críticos alertam sobre a transferência de tecnologia e a ameaça de desemprego na Europa.

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Airbus fechou o maior contrato desde que entrou no mercado chinêsFoto: dpa

Apesar da transação com valor estimado em mais de oito bilhões de euros entre a européia Airbus e a companhia China Central Aircraft Sales, os comentários sobre o negócio não são tão favoráveis quanto se esperava. As críticas mais ferrenhas vêm da França.

Para o fundador e diretor da École de Guerre Économique de Paris, Christian Harbulot, o maior problema está na concessão de que aos aviões sejam montados na China. Segundo o pesquisador, em artigo publicado no jornal Le Parisien, "os europeus consentiram com algo que a americana Boeing havia proibido, que é a montagem das aeronaves". Harbulot teme, com isso, uma concorrência desleal.

Abertura de linha de montagem na China

Ministerpräsident Wen Jiabao bei Dominique de Villepin Frankreich
Durante visita à França, Wen Jiabao (ao lado de Villepin) encomendou 150 aeronaves A320Foto: AP

A encomenda de 150 unidades do avião A320 da Airbus é fruto do encontro dos primeiros-ministros chinês, Wen Jiabao, e francês, Dominique de Villepin, ocorrido na França. Após visita à fábrica em Toulouse, no sul da França, ocorreu também assinatura do acordo de cooperação entre a Airbus e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, que poderá resultar na abertura de uma linha de montagem em território chinês.

Harbulot ressalta que, assim, os chineses terão condições de dominar a técnica européia aos poucos. "A empresa pode fazer bons negócios hoje, mas corre o risco de, com o tempo, ver a China produzir as mesmas aeronaves. Seria o fim do maior mercado comprador", alerta.

Os jornais franceses são receptivos à opinião do pesquisador. Os periódicos lembram, ainda, que em longo prazo o processo poderá resultar no desemprego. História já conhecida, devido a fato semelhante ocorrido com a indústria têxtil.

"O que a concorrência faria?"

Airbus Fertigung in Hamburg
Harbulot teme a transferência de tecnologiaFoto: AP

Já para a diretora da Associação para o Fomento do Mercado entre a Alemanha e países asiáticos do Pacífico, Monika Stärk, a medida é positiva. "É normal que países queiram participar da produção", comenta. "É uma questão de decisão pessoal: transfiro o know-how tecnológico ou me privo de um contrato, quando este não inclui a transferência de tecnologia?", questiona Stärk. Para ela, a pergunta deveria ser "o que a concorrência faria?"

A Airbus é a segunda colocada em seu segmento no mercado chinês, com uma fatia de 34%. "Bem à frente está a Boeing, com 60%, e sem precisar dispôr sua tecnologia a qualquer preço", ressalta Christian Harbulot.

Para a própria Airbus, as críticas foram recebidas com surpresa. "Aviões são produtos mundiais hoje em dia. Nenhuma nação pode produzir sozinha uma aeronave", diz Tore Prang, porta-voz da empresa.

Outros termos do contrato

Na viagem à França, o primeiro-ministro da China também assinou acordo com a Eurocopter, a maior montadora de helicópteros civis do mundo para a co-produção de um aparelho de seis toneladas. Tanto a Airbus, quanto a Eurocopter são subsidiárias do Consórcio Aerospacial Europeu (EADS).

"Com este contrato, estamos firmando o maior pedido que a Airbus já recebeu desde que entrou no mercado chinês, há duas décadas", informou a EADS em nota. "Esta visita acontece em um momento excepcional da relação entre os dois países", festejou o primeiro-ministro francês, após a cerimônia de assinatura.