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China inaugura rota marítima mais curta que cruza o Polo Norte

Mu Cui (cn)11 de setembro de 2013

O derretimento das calotas polares abriu uma nova via marítima do Oriente para a Europa. Tempo de viagem do primeiro navio chinês a percorrer a rota pelo Polo Norte caiu de sete para quatro semanas.

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Pela primeira vez navio chinês navega por essa viaFoto: picture-alliance/dpa

Quando um navio cargueiro sai da China em direção à Europa, normalmente, ele segue pelo Oceano Índico e atravessa o Canal de Suez. Há mais de 150 anos, essa foi a via marítima mais curta para essa viagem. Navios modernos percorrem esse trecho em seis ou sete semanas. Com as mudanças climáticas, a rota tradicional ganhou uma concorrente: pela primeira vez, um navio chinês usou a rota marítima do Norte, que passa pelo Polo Norte.

Cai Meijiang, da estatal chinesa COSCO, disse que o navio cruzou o estreito de Bering. O cargueiro Yongsheng zarpou no dia 15 de agosto de Taicang, cidade portuária perto de Xangai. A carga de quase 20 mil toneladas de ferragens foi entregue nesta terça-feira (10/09) no porto de Roterdã, na Holanda. A viagem durou quase quatro semanas, tempo recorde.

A rota pelo oceano Ártico levou cerca de 12 dias a menos que o caminho tradicional pelo Canal de Suez. Com as mudanças climáticas e o derretimento das calotas polares, essa passagem se tornou navegável durante quatro meses no verão.

Em 2009, dois navios atravessaram essa rota marítima do norte pela primeira vez. Em 2012, a via marítima há havia sido utilizada por 46 navios. Agora foi a vez de um cargueiro chinês seguir por esse caminho. "A rota é substancialmente mais curta, o que para a circulação dos navios é uma grande vantagem, além de diminuir a quantidade de combustível usada", afirma Meijiang, que planejou a viagem.

Além disso, a tradicional rota pelo Canal de Suez apresenta alguns perigos. Entre a Indonésia e a Malásia e na costa da Somália a presença de piratas é uma ameaça. A atual situação política do Egito também gera incertezas sobre a segurança da via.

Vantagens e desvantagens

Segundo Meijiang, a indústria marítima enfrenta problemas com a constante alta dos preços do petróleo e uma rota mais curta traria mais lucros. Além dos estaleiros, os comerciantes também se beneficiariam com a diminuição dos preços para o transporte.

Segundo Philip Koch, especialista da Câmara de Comércio de Hamburgo, com a diminuição do tempo de viagem também seria possível planejar melhor as datas para a entrega. "Isso poderia dar um novo impulso ao comércio", diz.

Com o derretimento das calotas polares, o número de navios que utilizam a nova via está aumentando. Somente neste ano, o governo russo já autorizou a passagem de mais de 400 embarcações na sua região costeira ao norte. Alguns pesquisadores, como o meteorologista norte-americano Mark Serreze, acreditam que, caso as temperaturas continuem subindo, todo o Polo Norte está livre de gelo no verão de 2030.

Infografik Nord-West-Passage für chinesische Frachter Portugiesisch

Mas a rota marítima do Norte também tem seus riscos. Embora a via seja navegável no verão, ainda há muitos icebergue que apresentam perigo para as embarcações. Para usar esse caminho, os navios precisam ter um piloto russo a bordo. Em alguns casos, eles precisam ser acompanhados por um quebra-gelo russo movido à energia nuclear. Todas essas medidas aumentam o preço do frete e relativizam as vantagens econômicas em relação à via tradicional.

A indústria conhece esses riscos e muitas empresas ainda preferem navegar pelo Canal de Suez. Anualmente, 20 mil navios utilizam esse caminho, ou seja, apenas uma pequena parcela percorre a rota marítima do Norte. "Até essa via atingir seu potencial máximo, ainda serão preciso alguns anos", diz Koch.

Perigo para a natureza

Mas a navegação pela rota marítima do Norte pode causar sérios danos ao meio ambiente. Segundo o especialista do Greenpeace Jörg Feddern, ao contrário da Antártida, o Polo Norte ainda não é uma área internacional de proteção ambiental.

E navios movidos a óleo pesado que navegam pela região poluem a região. Há também o risco dessas embarcações se chocarem com icebergues, o que poderia causar uma catástrofe, colocando em risco a vida no Ártico.

"A política internacional precisa de leis para garantir que as mercadorias sejam transportadas com segurança e sem poluir o meio ambiente", afirma Feddern. No momento, a Organização Internacional Marítima (IMO) está preparando um conjunto de normas, chamado de Código Polar, para a navegação nessa via.

Essas regras apontam como os navios podem trafegar com segurança, utilizando melhores equipamentos e infraestrutura. Mas essa lei só deve entrar em vigor a partir de 2014 e, até lá, muitos navios irão passar pela rota marítima do Norte.