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CIDH contesta versão oficial sobre massacre no México

7 de setembro de 2015

Grupo de especialistas designado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos aponta inconsistências científicas na explicação da Procuradoria Geral sobre desaparecimento de 43 estudantes.

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Mexiko Protest wegen verschwundener Studenten 28.10.2014
Foto: Reuters/H, Romero

O grupo de especialistas independentes designado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para investigar o alegado massacre de 43 estudantes de Ayotzinapa, no México, rejeitaram neste domingo (06/09) a versão oficial sobre o desaparecimento ocorrido há quase um ano.

Os especialistas afirmaram que a versão de que os jovens foram assassinados e tiveram seus corpos queimados por um grupo de traficantes de drogas tem inconsistências científicas.

Após seis meses de inquéritos, o grupo designado pela CIDH afirma que os estudantes não foram queimados num lixão do povoado de Cocula. A procuradoria garante que eles foram detidos por policiais do município de Iguala e entregues a um grupo de criminosos que ao confundi-los com integrantes de um grupo rival, os assassinou e queimou.

"Com base nas declarações dos responsáveis por essa versão, decidimos solicitar a ajuda de um perito independente e visitamos o lixão", disse o advogado chileno Francisco Cox.

O especialista peruano José Torero, que trabalhou em investigações após a queda das Torres Gêmeas, em Nova York, concluiu que, para incinerar os 43 corpos ao ar livre seriam necessárias 60 horas e 30 mil quilos de madeira. "Um suspeito disse que o tempo máximo que estiveram lá foi de 16 horas", disse Cox.

Além disso, considerando a dimensão das chamas, estas deveriam ter sido vistas pelos moradores de Cocula, o que não aconteceu. "Por essas razões, o Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) acredita que os jovens não foram queimados no lixão de Cocula", afirmou Cox.

Agressão e tráfico

O grupo de especialistas voltou a criticar a ocultação de provas – como objetos que pertenciam aos estudantes e que recentemente foram enviados à Áustria para análise e um vídeo do momento em que os jovens foram presos em Iguala.

"O medo persiste na região. As testemunhas têm medo de falar sobre o que aconteceu", disse o especialista espanhol Carlos Beristán, ao comentar as dificuldades que o grupo enfrentou durante a apuração dos fatos.

O GIEI elencou um grande número de falhas na investigação e disse que há indícios de que cinco dos detidos pelo crime tenham sido torturados durante os interrogatórios. Os familiares dos jovens nunca acreditaram nas conclusões do ex-procurador-geral do México, Jesús Murillo, que, segundo advogados, teria tratado de encerrar um caso que incomodava o governo. Os especialistas também criticaram o papel da Polícia Federal e do Exército, que estavam conscientes da movimentação dos estudantes e não evitaram o desaparecimento.

O GIEI disse que o governo fez relatórios confusos sobre a existência de um quinto ônibus no qual os estudantes viajavam e que poderia ter drogas e dinheiro do cartel Guerreros Unidos. O grupo atua na região e teria tratado de recuperar o dinheiro e as drogas contando com a cumplicidade das forças de segurança.

Os especialistas exigiram que se continuem as buscas pelos estudantes, porque eles seguem tendo o status de desaparecidos.

MP/dpa/efe/rtr