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Claude Chabrol

24 de junho de 2010

A hipocrisia e o egoísmo da burguesia são temas frequentes dos filmes de Claude Chabrol, cujo filme de estreia, "Nas garras do vício", é considerado o primeiro da Nouvelle Vague.

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Para Chabrol, festivais de cinema são vitrines de vaidadesFoto: AP

Uma carreira cheia de sucessos de público nunca foi o objetivo do cineasta francês Claude Chabrol. "Triunfos são a morte de um realizador de filmes. Eu tive belos pequenos sucessos", afirmou certa vez Chabrol, que nesta quinta-feira (24/06) completa 80 anos, 50 dos quais dedicados à arte de fazer filmes.

A idade que muitos poderiam considerar avançada parece não fazer a menor diferença para este cineasta francês, que faz jus à fama de workaholic. Nos últimos anos, ao lado da produção cinematográfica Bellamy, exibida na edição de 2009 do Festival de Cinema de Berlim, ainda achou tempo para adaptar quatro histórias do escritor Guy de Maupassant para a televisão francesa.

Nouvelle Vague

Flash-Galerie Berlinale Filmfestspiele Claude Chabrol
Claude Chabrol no Festival de Cinema de Berlim, em 2009Foto: AP

"Nossa geração não se preocupava com a carreira, queríamos produzir obras. Não estou certo de que hoje em dia as pessoas tentem realmente fazer filmes", observa o criador de A mulher infiel e A ruptura.

Com "nossa geração", Chabrol refere-se a cineastas como François Truffaut, Éric Rohmer, Jean-Luc Godard e Jacques Rivette, nomes clássicos da Nouvelle Vague. Como muitos de seus colegas, também ele era um fã de Alfred Hitchcock e crítico da revista Cahiers du Cinéma antes de se lançar como realizador. O filme de estreia, Nas garras do vício, de 1958, é considerado o primeiro da Nouvelle Vague.

"Minha primeira mulher vinha de uma família rica, e basicamente não fazíamos nada além de organizar festas decadentes. Quando a avó dela morreu, não sabíamos o que fazer com tanto dinheiro. Então decidi fazer um filme para gastar ao menos uma parte dele. Infelizmente o filme foi um sucesso, e me vi obrigado a fazer um segundo."

Film Kommissar Bellamy
Cartaz de 'Bellamy'Foto: Concorde

Crítico da burguesia

Chabrol retrata a falsidade, o egoísmo e a hipocrisia da vida burguesa em dramas provincianos e familiares, frequentemente enriquecidos com incestos e assassinatos. "Somente um psiquiatra poderia averiguar por que insisto em desmascarar a dupla moral da burguesia", observou certa vez.

Mas Chabrol não critica apenas a burguesia, a qual conhece bem como filho desta classe social. Também observa as pessoas e sua vida de aparências.

Festivais de cinema, por exemplo, são alvo frequente da ironia de Chabrol. Ele os define como vitrines de vaidades e diz que são como rifas, pois a premiação teria muito pouco a ver com a qualidade das obras destacadas. Cannes é, para ele, um circo midiático. "Não há muito mais do que essa gente que caminha pelo tapete vermelho em trajes de gala e passa a maior parte do tempo criticando o espetáculo."

Sem compromissos, cínico e de uma honestidade brutal: essas são características frequentemente associadas a Chabrol e sua obra. O alemão Rainer Fassbinder, por exemplo, chamou-o certa vez de cínico e inimigo da humanidade. Chabrol diz que tenta apenas mostrar as pessoas como elas de fato são. "Julgá-las seria hipocrisia – afinal, todos temos algo de ruim."

AS/dpa/apn

Revisão: Roselaine Wandscheer