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SAP na mira da crítica

Martin Schrader (rr)10 de dezembro de 2008

Cerca de 100 empresas se juntaram para tornar pública sua insatisfação com a política de preços da gigante alemã de softwares corporativos. Mas forma como o programa é intrincado em seu funcionamento não lhes dá escolha.

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Sede da SAP em Walldorf, no estado de Baden-WürttembergFoto: AP

A desenvolvedora alemã de softwares de gerenciamento corporativo SAP está diante de um episódio sem precedentes na história econômica alemã: cerca de 100 empresas se juntaram com o intuito de repartir críticas a seu respeito, a fim de evitar um previsto aumento de preços.

A partir de 2009, a SAP pretende elevar os custos anuais de manutenção e suporte de seu software de forma escalonada ao longo de quatro anos, ao fim dos quais o serviço passaria a custar 22% em vez dos atuais 17% do valor da licença. A empresa argumenta que, em contrapartida, o suporte e a assessoria a clientes passariam a ser mais amplos. Mas, por mais que muitos dos antigos clientes não queiram os serviços nem precisem deles, a SAP não lhes deixa escolha.

Tornando o problema público

Um dos críticos da SAP é a empresa bávara Krones, especializada na construção de máquinas utilizadas principalmente por fabricantes de bebidas. "Tínhamos uma relação muito amigável com a SAP. Podíamos conversar sobre novidades e sempre achávamos uma solução", conta Michael Kranz, diretor de tecnologia da Krones. Desta vez, ele procurou conversar, mas não obteve sucesso. "Fomos forçados a tornar público o problema."

A Krones é apenas uma de 100 empresas que optaram por este caminho pouco convencional a fim de aumentar a pressão sobre a SAP. Entre elas, estão grandes fabricantes de bebidas, como Bitburger e Gerolsteiner, a fabricante de produtos óticos Jenoptik, a fabricante de equipamentos eletrodomésticos Miele e até a prestadora de serviços públicos de Munique.

A Miele fala em "abuso de poder de mercado", enquanto a rede de drogarias dm acusa a SAP de "pura estratégia para fazer dinheiro". Também a unidade austríaca da rede de supermercados Spar reclama: "Nos sentimos chantageados".

Encontro decisivo

São empresas de todos os ramos, distribuídas por toda a Alemanha. Nesta quarta-feira (10/12), elas se reuniram para uma manifestação em um hotel em Düsseldorf. "Este procedimento conjunto não se volta apenas contra a política de preços inadequada da SAP, mas queremos deixar bem claro que não podemos aceitar o modo como a SAP lida com seus clientes, especialmente clientes de médio porte".

A SAP não quis se pronunciar a respeito. De acordo com o Financial Times Deutschland, a empresa de Walldorf domina mais da metade do mercado de softwares corporativos. Para muitas companhias alemãs, toda a organização empresarial se baseia nos produtos da firma, que abrangem todos os principais departamentos, da administração de pessoal à otimização de suprimentos.

Quando uma empresa se decide pelo software da SAP, esta adequa seus programas ao funcionamento específico da mesma, o que constitui um processo complicado e caro. Uma vez feito o investimento e implementado o software, só será possível abandonar o sistema com outro grande investimento. "Quem opta pela SAP, está entregue a ela venha o que vier", critica o Financial Times Deutschland.

Parceria a longo prazo

Para a Krones, trata-se de uma parceria de unha e carne. "A instalação deste software reflete o núcleo de nossos processos empresariais", explica Kranz, que gostaria de estender a parceria com a SAP, mas não a qualquer preço.

Por se tratar de uma parceria de longo prazo, Kranz critica também o curto espaço de tempo e a forma repentina com que a SAP anunciou o aumento dos preços em meados do ano. Já que é praticamente impossível para uma empresa desenvolver um novo suporte operacional em tão pouco tempo, não lhes resta nada além de aceitar o aumento dos preços.