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Coalizão que forma governo Merkel enfrenta primeira crise

16 de fevereiro de 2014

Revelações sobre repasse de informações sigilosas e queda de ministro após apenas dois meses no cargo levam chanceler federal a reunir aliados e cobrar explicações.

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Foto: picture-alliance/dpa

O caso envolvendo o deputado social-democrata alemão Sebastian Edathy, investigado por suposto envolvimento com pornografia infantil, levou a coalizão que sustenta o governo da chanceler federal Angela Merkel à sua primeira crise.

Nesta terça-feira (18/02), Merkel, da União Democrata Cristã (CDU), se reunirá com líderes da União Social Cristã (CSU) e do Partido Social-Democrata (SPD) para buscar explicações e superar a crise que levou à primeira queda de ministro em apenas dois meses do terceiro mandato da chanceler federal.

O encontro será o primeiro do Comitê da Coalizão, formado por um pequeno grupo de líderes que se reúne regularmente para discutir problemas internos e desatar eventuais nós. Segundo fonte ouvida pela agência Reuters, apesar de a reunião estar agendada já há algum tempo, o caso Edathy certamente será um dos principais temas.

O grupo agora terá que evitar um incêndio. Após a renúncia do ministro da Agricultura, Hans-Peter Friedrich – acusado de quebra de sigilo ao repassar à liderança social-democrata informações sobre as investigações sobre Edathy – o partido dele, CSU, agora se mostra irritado com o aliado SPD.

O presidente da CSU, Horst Seehofer, acusa os social-democratas de indiscrição no que diz respeito às investigações sobre pornografia infantil envolvendo Edathy. Ele reclama ainda de quebra de confiança por parte do SPD, que divulgou a vários de seus membros a conversa entre Friedrich e o presidente social-democrata, Sigmar Gabriel, em outubro do ano passado, sobre as investigações. Na época, CDU, CSU e SPD mantinham intensas negociações para a formação da coalizão do governo Merkel.

Seehofer quer agora que o SPD esclareça as "múltiplas questões em aberto" sobre o caso em âmbito interno. Na CSU, é cada vez maior a pressão para que políticos do SPD envolvidos na história revelem, sob juramento, com quem eles teriam conversado sobre o caso e se alertaram Edathy sobre as investigações.

Sebastian Edathy
Sebastian Edathy nega que tenha sido informado por correligionários sobre investigaçõesFoto: picture-alliance/dpa

Em pauta no Bundestag

No fim de semana, aumentou a pressão sobre o líder da bancada do SPD no Bundestag, Thomas Opperman. Em outubro do ano passado ele telefonou para o chefe da Agência Federal de Investigações (BKA), Jörg Ziercke, para obter informações sobre o caso Edathy. Opperman garantiu ao jornal Bild am Sonntag, porém, que seu comportamento estava em conformidade com a lei, e que não obteve qualquer detalhe do caso junto a Ziercke.

Ele também negou ao diário que tenha informado o correligionário sobre o processo de pornografia infantil. Edathy ainda afirma que não foi avisado sobre as investigações. Ele teve seu nome envolvido numa ação policial com objetivo de desmantelar uma rede de pornografia infantil na internet. O político é suspeito de possuir fotos pornográficas de jovens entre 9 e 13 anos de idade.

O caso Edathy deverá ocupar boa parte da agenda política desta semana na Alemanha. Além do encontro do Comitê da Coalizão na terça-feira, o comitê interno do Bundestag irá se reunir no dia seguinte para debater o caso.

O ex-ministro Friedrich poderá responder judicialmente por quebra de sigilo e obstrução da Justiça por repassar à liderança do SPD informações sobre a investigação internacional sobre Edathy, as quais ele obteve na condição de ministro do Interior no segundo mandato de Merkel.

Seu sucessor no Ministério da Agricultura deverá ser anunciado por Seehofer já nesta segunda-feira. Tudo indica que o secretário parlamentar de Estado no Ministério da Ciência, o social-cristão Stefan Müller, deverá assumir a pasta.

MSB/rtr/dpa/lusa