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Como fica a política de integração depois dos atentados

Peter Philipp (sm)14 de julho de 2005

Que consequências a violência terrorista pode ter para a política de integração da Europa? Leia a avaliação do analista político da Deutsche Welle Peter Philipp.

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Exercício da religião foi marginalizado por muito tempoFoto: AP

Muitos ingleses com certeza se sentiriam aliviados, se os responsáveis pelos atentados de Londres tivessem driblado o controle do aeroporto de Heathrow, vindos do exterior. Mas a verdade é outra. Os terroristas tinham nacionalidade britânica, faziam parte da minoria muçulmana do país. Uma questão central provoca especulações, suposições e suspeitas: será que os muçulmanos do próprio país são uma "quinta coluna" em potencial?

Minoria dentro da minoria

Esta preocupação e as fatais conclusões que se podem tirar daí provavelmente não vão se limitar ao Reino Unido. Na França vive uma grande comunidade de africanos; na Alemanha, de turcos; em países menores da Europa, a situação não é muito diferente. Na Holanda, por exemplo, um jovem de origem marroquina e cidadania holandesa está sendo julgado pelo assassinato do cineasta Theo van Gogh. E em Munique, um curdo está respondendo processo, sob acusação de ter recrutado voluntários para a associação terrorista islâmica Ansar al Islam.

Estes exemplos têm grande impacto, mas são atípicos e, portanto, insuficientes para determinar a imagem que se faz da minoria muçulmana na Europa. É bom lembrar de que os terroristas de Londres não pensaram nos muçulmanos que acabaram matando com suas bombas. Além disso, os fundamentalistas dispostos a fazer uso de violência representam uma reduzida minoria entre os muçulmanos. Eles pouco se importam com o fato de seus atos causarem uma suspeita generalizada.

Antagonismo ao "Ocidente cristão"

Talvez seja até de propósito. Afinal, no raciocício equivocado dos radicais islamistas, a única coisa que existe é "nós aqui" e "eles lá". Para eles, qualquer discriminação percebida no cotidiano tem um fundo ideológico ou religioso, sendo automaticamente interpretada como repressão por parte do "Ocidente cristão". Quando este sentimento é associado a crises e guerras internacionais – da Palestina ao Afeganistão, de Bagdá a Srebrenica –, a mistura é explosiva.

Neste sentido, cometeram-se muitos erros. O ineficaz controle da entrada de estrangeiros no continente não foi o único. A forma de tratar a minoria muçulmana, que cresce cada vez mais em nossos países, também é um fator importante. Nunca se pensou, por exemplo, no significado que a religião e a tradição religiosa têm para eles. O lema sempre foi "se eles quiserem viver aqui, têm que se integrar". O ensino e o exercício da religião foram postos para fora do circuito social, levando ao surgimento de obscuras escolas do Corão.

Segregação e doutrinação levam a terrorismo

O assassino do holandês Theo van Gogh é produto de uma dessas escolas que podem estar criando radicais semelhantes em toda a Europa. Associada a isolamento social e segregação, a doutrinação religiosa pode levar ao terrorismo. Isso não dá para ser inteiramente evitado, mas pode-se reduzir o risco. Para isso, é preciso dar a todas as minorias a sensação de que elas "fazem parte". Isso ajuda não só as minorias, mas também a coletividade.