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Como funcionam os puxadores de votos

Jean-Philip Struck | Lydia Coelho | Helena Wöhl Coelho | Fernanda Azzolini
3 de outubro de 2018

[Vídeo] Nas eleições para presidente, senadores, governadores e prefeitos não há dúvida: o mais votado é eleito. No caso dos deputados e vereadores é mais complicado: eles são eleitos pelo sistema proporcional. 

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Neste sistema, são levados em conta os votos que um partido ou coligação recebe, e não apenas a votação individual. Para definir os eleitos, são realizados dois cálculos para apontar os quocientes eleitoral e partidário. Um exemplo: se dez vagas para deputado estiverem em jogo e três mil pessoas votarem é feita uma divisão. No caso, três mil votos por dez vagas é igual a trezentos. Este é o quociente eleitoral: o número mínimo de votos que uma coligação ou partido precisam para eleger deputados.  
Em seguida é feito o cálculo do quociente partidário, que define a quantas vagas um partido tem direito. Funciona assim: se um partido recebeu novecentos votos, divide-se esse número pelo quociente eleitoral, que pelo cálculo anterior é 300. Assim, 900 dividido por 300 equivale a três vagas. 

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Para alcançar o quociente eleitoral e conseguir mais vagas, muitos partidos apostam nos “puxadores de votos”: celebridades ou políticos com apelo popular, que ajudam os candidatos menos votados. Para se ter uma ideia, dos atuais 513 deputados da Câmara, apenas 36  se elegeram com votação própria. Alguns puxadores famosos incluem o ex-deputado Enéas Carneiro e o palhaço Tiririca. Em 2002, Enéas recebeu um milhão e meio de votos e puxou outros cinco candidatos. Um deles tinha recebido apenas 275 votos. 

Mitos eleitorais

A partir deste ano, o puxador deve perder um pouco de influência. Uma nova regra determina que, para poder ser eleito, o candidato precisa atingir 10% do quociente eleitoral, o cálculo que divide os votos totais pelas vagas. Assim, o deputado dos 275 votos não seria mais eleito. Mas os puxadores não servem só para eleger mais deputados. Seus votos também influenciam a divisão do fundo partidário. Quanto mais votos um candidato receber, mais dinheiro é direcionado para seu partido. Em 2014, por exemplo, o deputado Celso Russomano recebeu um milhão e meio de votos. Com essa votação, o partido dele passou a receber um milhão de reais extras por mês.