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Tendência

Julie Gregson (sv)21 de fevereiro de 2007

Quatro décadas depois dos áureos tempos da "Comuna 1", em Berlim, formas de vida alternativas estão voltando à moda na Alemanha.

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Comuna 1 em Berlim Ocidental, em 1968Foto: dhm

Políticas subversivas, drogas ilícitas e amor livre. Os célebres tempos da vida alternativa na Alemanha começaram em 1968, como um ato de rebeldia contra os ideais de família defendidos pela sociedade altamente conservadora de então, ainda impregnada de ideologia nazista.

Os membros da chamada "Comuna 1" dormiam em colchões (sem camas) espalhados num único cômodo, usavam banheiros sem portas, permitiam que seus telefonemas fossem ouvidos através de alto-falantes, e suas cartas pessoais eram lidas em alto e bom som, para serem ouvidas por todos. Embora a "comuna" tenha sobrevivido menos de três anos, sua existência ajudou a fazer florescer movimentos alternativos no país a partir da década de 1970.

Vida em comum, mas direito à privacidade

Dresdner Plattenbauten
Anonimato de bairro em Dresden: oposto dos projetos individuais alternativosFoto: dpa

Hoje, alguns projetos de moradia alternativa no país inspiram-se nos conceitos das comunas de então, embora estejam longe de ser apenas uma cópia dos modelos antigos. "Há graus diferentes de proximidade e eu não me refiro apenas ao aspecto sexual", diz Harald Zenke, um arquiteto que passou mais de três anos planejando uma iniciativa de co-habitação, que ele próprio descreve como "ecológica e aglutinadora de gerações".

Zenke vive com sua família em uma casa de dois pavimentos, parte de um projeto comunitário na região sudeste de Berlim. A diferença entre projetos como esse e os dos anos 1970, explica Zenke, é que as novas moradias alternativas garantem a seus moradores a possibilidade de se fecharem em suas quatro paredes, quando quiserem.

Espírito de comunidade

Mesmo diante da oportunidade de se isolar, os habitantes desses complexos passam boa parte do tempo juntos e acabam dividindo, por exemplo, o uso dos carros e o cuidado dos filhos. Fazer compras para o vizinho também é comum, além do apoio mútuo em momentos difíceis.

Quando o projeto estiver pronto, ele dará abrigo a 70 pessoas entre zero e 70 anos de idade. Estas não apenas irão viver num espaço comum, como participaram ativamente da construção das casas – um processo que fortaleceu o espírito de comunidade e a identificação do grupo, além de reduzir os custos com a mão-de-obra.

Tendência verde

Solarzellen
Redução do consumo de energia é uma das prioridades das moradias comunitáriasFoto: AP

Uma das posturas que unem os moradores é um interesse comum pela preservação do meio ambiente, refletida, por exemplo, na escolha da estrutura das casas, à base de madeira, e na ênfase ao consumo reduzido de energia.

Muitos dos projetos coordenados por Michel LaFond, que lidera uma rede de iniciativas alternativas semelhantes, têm em comum o aspecto ecológico. "Como projeto coletivo, é possível fazer coisas que você não conseguiria individualmente. Sozinho, não é possível, por exemplo, implementar sistemas de calefação realmente inovadores", diz La Fond.

Em Berlim, há vários outros projetos de co-habitação sendo desenvolvidos, todos baseados em sistemas que reduzem ao máximo o gasto de energia e fazem uso até mesmo do calor do corpo humano para aquecer os ambientes.

Para LaFond, as preocupações com as mudanças climáticas e o aquecimento global são, contudo, apenas uma das razões do sucesso das moradias coletivas modernas. Para ele, uma melhor qualidade de vida, no geral, é um dos principais motivos que levam ao revival das comunas no país.