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Concessionária italiana sob pressão após colapso de viaduto

16 de agosto de 2018

Governo ameaça retirar concessão da operadora de rodovias controlada pelo grupo Atlantia, que também atua no Brasil. Buscas por até 20 desaparecidos continuam nos escombros do viaduto que desabou em Gênova.

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Ponte Morandi
Ponte Morandi ligava duas importantes rodovias, uma levando à França e outra a MilãoFoto: Reuters/S. Rellandri

A operadora de rodovias responsável pelo viaduto que desabou nesta terça-feira (14/08) em Gênova, deixando ao menos 38 mortos, enfrenta forte pressão de acionistas e do governo italiano, que anunciou estado de emergência na região.

As ações do grupo Atlantia, holding que controla a gigante do setor de infraestrutura Autostrade per L'Italia, chegaram a despencar quase 30% nesta quinta-feira, após o primeiro ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmar que pretende revogar o contrato da empresa para administrar a A10. A rodovia inclui a ponte Morandi, da qual um trecho de cerca de 80 metros desabou.

Ao menos 30 carros e três veículos pesados caíram de uma altura de 45 metros quando o trecho da ponte desabou numa zona industrial de Gênova, no norte do país, em meio a fortes chuvas. Entre os mortos, cujo número foi corrigido de 38 para 39 nesta quinta-feira, estão três crianças de 8 a 13 anos. Quinze pessoas ficaram feridas.

O Ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, prevê uma multa de até 150 milhões de euros para a Autostrade per l'Italia, que opera quase metade das rodovias italianas.

Também é possível que o governo revogue todas as outras concessões de rodovias da companhia, acusada de falhar em realizar obras de manutenção necessárias na ponte, disse um porta-voz do ministério à agência AFP.

O vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, foi um dos políticos com as criticas mais afiadas contra a empresa, tendo ameaçado transferir as responsabilidades da Autostrade per l'Italia para o Estado. "Não se pode morrer pagando pedágio na Itália", disse.

Em meio à indignação por conta da tragédia, o governo declarou estado de emergência na região da Ligúria ao longo de um ano, com cerca de cinco milhões de euros destinados às obras de recuperação. No sábado, será realizado um funeral liderado pelo arcebispo de Gênova, Angelo Bagnasco, e a Itália observará luto nacional.

A Autostrade per l'Italia rebateu acusações de que seus trabalhos de manutenção tenham sido insuficientes, argumentando que investiu mais de um bilhão de euros anuais em "segurança, manutenção e em fortalecer a rede" desde 2012.

A companhia também contestou o governo por ameaçar revogar contratos "sem nenhuma verificação das causas materiais do acidente". A concessionária alertou que, neste caso, o governo teria que reembolsar ao grupo o valor do contrato, que se estende ao menos até 2038.

Ponte Morandi
Moradores de prédios nos entornos do viaduto tiveram que ser removidosFoto: Getty Images/AFP/P. Cruciatti

Investigações sobre a causa da tragédia estão se focando na possível manutenção inadequada da ponte, inaugurada em 1967 e restaurada em 2016, ou possíveis falhas em sua estrutura, segundo o procurador-chefe de Gênova, Francisco Cozzi.

Enquanto isso, esforços para encontrar sobreviventes se estendiam pelo terceiro dia. "Não tivemos sorte na noite passada, não encontramos ninguém. Ainda estamos procurando cavidades que podem esconder pessoas, vivas ou não", disse o oficial dos bombeiros Emanuele Gissi.

A instabilidade dos destroços acabou tornando as operações mais perigosas. As equipes de resgate tentam cortar o concreto em pedaços para movê-los com guindastes e cães ajudam nas buscas por sobreviventes.

Dezenas morrem em queda de viaduto na Itália

O Ministro do Interior, Matteo Salvini, disse a jornalistas que o número de mortes inevitavelmente subirá com a continuidade das buscas. Ele não citou um número de desaparecidos, mas procurador-chefe de Gênova mencionou que entre dez e 20 pessoas podem estar soterradas sob os destroços.

Um projeto de 20 milhões de euros para melhorar a segurança da ponte já havia sido aprovado. As obras de melhorias envolveriam duas colunas de suporte que apoiam a ponte, incluindo uma que entrou em colapso na terça-feira.

Presença no exterior

A Autostrada per L'Italia, que gerencia diretamente pouco menos de 3 mil quilômetros de rodovias italianas, é o principal ativo do grupo Atlantia. A receita de 6 bilhões de euros e o lucro de 1,4 bilhões de euros em 2017 do conglomerado também vêm de sua atuação em outros países.

Em 2018, o grupo operava cerca de 5 mil quilômetros de rodovias na Polônia, Chile, Índia e no Brasil, além do túnel Mont Blanc que liga a Itália à França. A Atlantis também é a principal acionista da Getlink, que opera o Eurotúnel, conexão entre o Reino Unido e a França.

No Brasil, o grupo italiano é controlador da joint-venture AB Concessões, que afirma ser a quarta maior empresa de concessões brasileira, responsável por 1.500 quilômetros de rodovias em São Paulo e Minas Gerais.

Em São Paulo, a AB Concessões é dona da concessionária AB Triângulo do Sol, responsável por trechos da SP 310 (Rodovia Washington Luís), SP 326 (Rodovia Brigadeiro Faria Lima) e SP 333 (Rodovia Carlos Tonani, Nemésio Cadetti, Laurentino Mascari e Dr. Mario Gentil) e da AB Colinas, encarregada das rodovias SP-075, SP-127, SP-280, SP-300 e SPI-102/300.

Além disso, o grupo detém 50% das ações da concessionária Rodovias do Tietê, que administra a concessão do Corredor Leste da Rodovia Marechal Rondon.

Em Minas Gerais, a AB Nascentes das Gerais administra o Sistema MG-050/BR-265/BR-491, principal ligação entre Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, a São Sebastião do Paraíso, na divisa com São Paulo. 

PJ/ap/afp

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