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Confissões do segurança de Bin Laden

rw3 de julho de 2003

Julgamento de suposto terrorista islâmico na Alemanha revela detalhes da organização do grupo de Osama Bin Laden. Réu participou de treinamento militar no Afeganistão e fala de lavagens cerebrais e planos de atentados.

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Tribunal não permite fotos do réuFoto: AP

O jordaniano Shadi Moh'd Mustafa Abdalla, de 26 anos, reside em Krefeld, no oeste alemão. Ele foi preso no ano passado, quando encomendava um pistola e granadas de mão em Düsseldorf. Sua missão teria sido preparar atentados contra organizações judaicas e israelenses na Alemanha.

O membro do grupo terrorista Al Tawhid (princípio central do islã e que significa unificar) está sendo julgado em Düsseldorf. Durante seu treinamento militar em bases da Al Qaeda no Afeganistão, tornou-se guarda-costas de Bin Laden. Abdalla nega, entretanto, qualquer ligação entre sua organização e o Al Qaeda.

As acusações - A Promotoria o acusa de participação num grupo terrorista, porte de passaporte falso e planejamento de atentados terroristas na Alemanha. Na área de alta segurança da prisão em que está confinado, ele concedeu preciosas informações sobre treinos militares e práticas de lavagem cerebral pelos grupos de terror no Afeganistão.

Ele disse ter chegado a aquele país há três anos, após uma viagem a Meca. Seu objetivo seria estudar "o verdadeiro Islã". Em Cabul, teria conhecido o líder intelectual do grupo terrorista Al Tawhid, que tentou conquistá-lo "em vão" na luta contra a Jordânia. Abdalla teria concordado apenas em reunir doações para a organização na Alemanha.

Neste meio tempo, acabou sendo escolhido para a segurança de Bin Laden, "pois havia medo de atentados". Por ter quase a mesma altura do líder terrorista (1m94) deveria proteger sua retaguarda.

Manuseio de armas - Nos três meses como segurança de Bin Laden num campo de treinos em Qandahar, o jordaniano aprendeu a manusear vários tipos de armas. Neste tempo, teria sido vítima de uma espécie de "lavagem cerebral e doutrinação". Discussões ou resistências não eram toleradas no acampamento. "Só se podia ouvir e calar a boca. Quem perguntasse algo era visto como espião e eliminado."

Das várias vezes em que esteve com Bin Laden, lembra-se de uma pregação numa mesquita. "O tema era sempre a Guerra Santa e nossos motivos para a revolta contra os Estados Unidos", ressaltou Abdalla.

Acidente - Após os atentados contra as embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998, teria se falado da necessidade de organizar atividades terroristas nos Estados Unidos e em outros locais.

Seus treinos teriam sido interrompidos depois de 20 dias, por causa dos ferimentos que sofreu após uma queda de 10 metros de altura numa região rochosa. O julgamento deve prosseguir até final de setembro.