1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaOriente Médio

Conflito tem seu dia mais sangrento em Gaza

16 de maio de 2021

Bombardeios israelenses deixam pelo menos 42 palestinos mortos e elevam total de vítimas a 188. Netanyahu diz que ataques continuarão.

https://p.dw.com/p/3tSlm
Escavadeira ajuda na busca por sobreviventes nos destroços de Gaza
Escavadeira ajuda na busca por sobreviventes nos destroços de GazaFoto: Mohammed Abed/AFP

Sem um cessar-fogo à vista, o atual conflito entre Israel e Hamas teve neste domingo (16/05) seu dia mais sangrento, com a morte de 42 palestinos na Faixa de Gaza vítimas de bombardeios israelenses.

O conflito começou na segunda-feira passada com hostilidades em Jerusalém e logo virou o mais intenso combate na região desde 2014. Já são pelo menos 188 mortos em Gaza – incluindo 55 crianças – e oito em Israel.

Israel disse na manhã de domingo que sua "onda contínua de bombardeios" havia atingido nas últimas 24 horas mais de 90 alvos em Gaza, onde a destruição de um prédio que abriga organizações de imprensa desencadeou ampla condenação internacional.

O Hamas e o grupo aliado Jihad Islâmica dizem que 20 de seus combatentes foram mortos desde que os combates eclodiram na segunda-feira e que as demais mortes foram todas civis. Israel afirma que o número real de não civis mortos é muito superior. 

Em sete dias de confronto, o Hamas e seus aliados já lançaram mais foguetes contra Israel do que em todo o conflito de 2014.

Secretário-geral da ONU "consternado"

Nas mídias sociais, se espalham imagens de equipes de emergência trabalhando para retirar corpos de vastas pilhas de escombros e edifícios derrubados, enquanto parentes choram de horror e tristeza.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou estar "consternado" com as baixas civis em Gaza e "profundamente perturbado" com o ataque de Israel contra o prédio que abrigava a Associated Press e os escritórios da Al Jazeera, ainda que a evacuação do edifício tenha sido ordenada antes.

O Exército de Israel diz que, desde o início do conflito, cerca de 3 mil foguetes foram disparados em direção a Israel. Deles, 450 caíram na própria Faixa de Gaza, e mais de mil foram interceptados pelo escudo antimísseis israelense. Vários prédios israelenses foram atingidos, deixando, segundo o governo, mais de 500 pessoas feridas desde o início do conflito.

"Israel respondeu com força aos ataques, e é assim que vai continuar a responder até que a segurança do povo seja restaurada", afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Prédio que abrigava mídia foi bombardeado no sábado
Prédio que abrigava mídia foi bombardeado no sábadoFoto: Mahmud Hams/POOL AFP/AP/dpa/picture alliance

Cruz Vermelha: ataques não cessam

"A intensidade do conflito é algo que nunca vimos antes, com ataques aéreos sem parar em Gaza, que é densamente povoada, e foguetes chegando às grandes cidades de Israel", disse o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. "Como resultado, crianças estão morrendo em ambos os lados".

Neste domingo, o papa Francisco disse que a violência corria o risco de degenerar ainda mais "em uma espiral de morte e destruição". "Aonde o ódio e a vingança vão levar? Pensamos realmente que construiremos a paz destruindo o outro"?, indagou.

O conflito militar mais sangrento dos últimos sete anos também desencadeou uma onda de protestos em outros países e ataques mútuos entre judeus e árabes-israelenses. Houve também confrontos na Cisjordânia ocupada, com 19 palestinos mortos desde a última segunda-feira.

Os combates começaram na segunda-feira, depois que o Hamas, grupo que comanda a Faixa de Gaza, disparou foguetes contra Jerusalém e Tel Aviv em retaliação à repressão policial israelense a palestinos perto da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. A mesquita é o terceiro local mais sagrado do islã, em Jerusalém Oriental, atrás apenas de Meca e Medina.

Colaborou para a eclosão do conflito a ameaça de despejo de quatro famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, em favor de colonos judeus. A ONU urgiu Israel a suspender os despejos e disse que eles poderiam equivaler a "crimes de guerra". 

Israel considera Jerusalém sua capital, incluindo a parte leste, cuja anexação por Israel não recebeu reconhecimento internacional. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade como capital do Estado que buscam criar na Cisjordânia e em Gaza. 

Sem cessar-fogo à vista

A Anistia Internacional apelou hoje ao Tribunal Penal Internacional para que investigue os recentes ataques em Gaza, especialmente contra o edifício de órgãos de comunicação e um campo de refugiados. Neste último, morreram dez pessoas, oito delas crianças. Para a ONG, trata-se de "crimes de guerra".

O Conselho de Segurança da ONU começou a se reunir neste domingo para discutir o conflito, em meio à críticas de que os EUA, membro permanente, não estariam fazendo o suficiente para pressionar seu aliado Israel a cessar os bombardeios.

O chefe da diplomacia europeia convocou para terça-feira uma reunião de emergência dos ministros do Exterior da União Europeia por videoconferência para discutir a escalada da violência.

rpr (AFP, AP)