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COP24 em ritmo de prorrogação

Jens Thurau md
14 de dezembro de 2018

Mais uma vez, as negociações na Conferência da ONU sobre o Clima se mostram difíceis, e evento deve terminar um dia após o programado. Países ricos e pobres discordam sobre quem deve pagar a conta da proteção climática.

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Delegada da Islândia na COP24, em Katowice
Horas se arrastam na COP24, em KatowiceFoto: Reuters/K. Pempel

O secretário de Estado no Ministério alemão do Meio Ambiente, Jochen Flasbarth, é um veterano em conferências sobre o clima. Nesta manhã de sexta-feira (14/12), é possível ver no rosto do funcionário de segundo escalão que ele participou de mais uma reunião que entrou madrugada adentro.

Sobre metas climáticas mais fortes, sobre a questão sobre como tudo deve ser financiado e, sobretudo, por quem. Mais uma vez, o progresso é difícil de ser medido. E mais uma vez não está claro quando a 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), realizada em Katowice, Polônia, vai terminar. Tudo é uma questão de nervos.

Jochen Flasbarth, secretário de Estado no Ministério alemão do Meio Ambiente
Jochen Flasbarth, secretário de Estado no Ministério alemão do Meio AmbienteFoto: Imago/M. Popow

Mas agora Flasbarth mostra preocupação. Porque Hans Joachim Schellnhuber, um dos principais cientistas climáticos alemães, criticou duramente o encontro anual do clima. "O déficit é insano. Quase não há um Estado que faça o suficiente, estamos apenas acabando com este planeta. O formato dessas conferências sobre o clima pode estar morto!", acusa. Flasbarth diz não concordar com tal fatalismo. "É bom termos tais cientistas, mas é bom que eles não façam política, senão eu ficaria com muito medo", irrita-se Flasbarth.

De fato, só especialistas conseguem entender o que realmente está sendo discutido em Katowice e o porquê de, novamente, uma conferência sobre o clima ter que ser prorrogada até o sábado, como tantas outras reuniões sobre o clima nos últimos anos. A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, participa do evento pela primeira vez e continua otimista. "Estamos caminhando para a reta final. Mas vamos bem. Acho, sim, que no fim vamos conseguir."

A proposta para uma declaração final preparada pela presidência polonesa da COP24 tem cerca de 140 páginas. Muitos pontos ainda não foram esclarecidos e ainda precisam ser negociados consequentemente, porque, no fim, o que conta nas conferências da ONU sobre o clima é o princípio da unanimidade: deve haver aprovação de todos os Estados, um único voto contrário derruba tudo.

Pomo da discórdia

O principal pomo de discórdia, mais uma vez, é o contraste entre os países industrializados e os em desenvolvimento, aos quais a China ainda pertence, embora há muito tempo a maior parte dos gases-estufa do mundo venha de lá. Na conferência em Paris, há três anos, todos os países decidiram solenemente apresentar seus próprios objetivos climáticos nacionais.

Agora, na Polônia, deve ser criado um tipo de manual para dizer exatamente como isso deve acontecer. Será que os países ricos e os pobres devem preencher as mesmas condições? Muitos países industrializados querem isso. Ou será que os países em desenvolvimento devem receber mais tempo para formular suas metas climáticas? É isso o que reivindica a China. E, o que é muito importante: todos os países devem criar transparência sobre sua política climática. E aí nem todos querem mostrar suas cartas.

Os Estados árabes desempenharam um papel bastante inglório nesse ponto. "Os maiores empecilhos são e foram os Estados árabes nesse processo, e isso nada mudou", lembra um negociador alemão frustrado. Ativistas ambientais como Martin Kaiser, do Greenpeace, concordam: "Os governos da região árabe ainda estão muito aquém do potencial das energias renováveis nesses países", disse à DW.

Perda do Brasil como mediador

Ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, com fones de ouvido, durante reunião da COP 24
Ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, está otimista quanto aos resultados da COP24Foto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

Isso se aplica, em particular, a Estados como a Arábia Saudita, Kuwait e Catar. Outros estão desempenhando papéis mais construtivos. A ministra do Meio Ambiente do Egito, Yasmine Fouad, por exemplo, escreveu em Katowice, juntamente com Flasbarth, o capítulo sobre futuras questões de financiamento. Mas junto à Rússia e aos Estados Unidos, a Arábia Saudita e o Kuwait tentaram minimizar as recentes advertências de cientistas do clima publicadas num relatório em outubro.

A COP 24, com grande maioria, quer saudar o relatório. Os quatro países ricos em petróleo e carvão querem apenas afirmar que "tomam conhecimento". Uma disputa sobre palavras que envenena a atmosfera de discussão. Para Kaiser, isso mostra que quase não existem mais forças motrizes nas conferências climáticas, o que facilita a vida dos Estados árabes.

"Com a falta dos EUA, a falta do importante papel mediador do Brasil e a agonia da Europa na questão da proteção climática, não há bloco de países atualmente em situação de assumir um papel de liderança", diz o ativista do Greenpeace. Enquanto isso, os delegados dos 190 Estados em Katowice se preparam para uma maratona de negociações de muitas horas.

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