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Coreia do Norte vai encerrar comunicação com Coreia do Sul

9 de junho de 2020

Anúncio ocorre em meio a frustrações com impasse no alívio de sanções e provocações vindas de Seul. Decisão por rompimento teria partido da irmã de Kim Jong-un, que exerce autoridade cada vez maior no país.

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Soldados sul-coreanos na zona desmilitarizada
Coreia do Norte anuncia corte das comunicações com a Coreia do Sul em meio a frustrações e impassesFoto: Getty Images/C. Court

A Coreia do Norte informou que cortaria nesta terça-feira (09/06) os canais de comunicação com a Coreia do Sul, após uma reaproximação histórica entre os dois países e uma tentativa de aproximação do regime norte-coreano com o Ocidente.

Analistas afirmam que a decisão se deve às frustrações de Pyongyang com o fracasso das negociações com Seul e Washington e das tentativas de persuadir o governo americano a aliviar as pesadas sanções contra o país.

Depois de três reuniões de cúpula entre o líder Kim Jong-un e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em 2018, as relações intercoreanas vivem um impasse. Pyongyang vem há meses se recusando a manter contato com Seul, com poucas conversações através das linhas diretas, além de chamadas de teste. O país também viu frustradas suas ambições de reavivar projetos econômicos lucrativos com o sul.

A decisão norte-coreana ocorre a três dias do segundo aniversário do encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Cingapura. As negociações envolvendo o programa nuclear de Pyongyang estão travadas desde o colapso da segunda reunião entre os dois líderes em Hanói, no ano passado. O impasse deixou os norte-coreanos frustrados com a falta de concessões.

A Coreia do Norte vem adotando uma postura cada vez mais crítica a Seul e Washington e realizou nos últimos meses uma série de testes de mísseis. Observadores avaliam que o regime falhou em adotar medidas substanciais rumo ao desmantelamento de seu programa nuclear, o que era a principal reivindicação dos americanos para negociar o alívio das sanções.

No mês passado, soldados de ambos os lados trocaram tiros na zona desmilitarizada na fronteira que divide a península. Pyongyang acusa Seul de provocar o incidente, que agravou ainda mais as tensões entre os dois países.

A Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) informou que o país iria "cortar e encerrar" as comunicações, juntamente com as linhas militares e a ligação direta entre a sede do governo em Pyongyang e o gabinete da presidência em Seul.

Segundo a agência, a interrupção das comunicações seria "o primeiro passo da determinação de cessar completamente todos os meios de contato com a Coreia do Sul e se livrar de coisas desnecessárias". O governo em Seul informou que, quando as autoridades do país tentaram entrar em contato com seus colegas no norte, eles não responderam.

A KCNA informou que a decisão de romper as comunicações teria partido da irmã de Kim Jong-un, Kim Yong-chol, em um sinal da ampliação de sua autoridade no governo. Na semana passada, ela divulgou um comunicado ameaçando rasgar o pacto militar com a Coreia do Sul e fechar o escritório de intermediação, onde as atividades já estavam suspensas há meses devido à pandemia de covid-19.

Desde a semana passada, Pyongyang vem lançando acusações contra Seul, denunciando que ativistas contrários ao regime enviam panfletos através da fronteira, algo que grupos de desertores costumam fazer com regularidade com mensagens em balões ou garrafas criticando o programa armamentista e os abusos aos direitos humanos por parte do regime.

A declaração do governo nesta terça-feira condenou a atitude dos desertores e acusou Seul de cumplicidade. "Isso levou as relações intercoreanas ao fracasso", diz a nota divulgada pela agência, que se refere a Seul como "o inimigo".

"Chegamos à conclusão de que não há necessidade de nos sentarmos cara a cara com as autoridades sul-coreanas e não há assuntos para discutirmos com eles", concluiu a KCNA.

Os dois lados estão tecnicamente em guerra, desde o fim do conflito que dividiu a Península Coreana, encerrado apenas com um armistício em 1953, sem que fosse substituído por um tratado de paz.

RC/afp/ap

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