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Críticas de rebeldes ameaçam trégua na Síria

12 de setembro de 2016

Grupos rebeldes e influente milícia islâmica enviam sinais contraditórios sobre adesão ao cessar-fogo negociado entre EUA e Rússia e exigem garantias, poucas horas antes do acordo entrar em vigor.

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Forças da oposição síria atacam alvos do EI perto de Aleppo, em agosto de 2016
Forças da oposição síria atacam alvos do EI perto de Aleppo, em agosto de 2016Foto: picture-alliance/dpa/Anadolu/H. Nasir

A trégua na Síria corre risco de fracassar, após várias facções rebeldes e um influente grupo islâmico enviarem sinais contraditórios sobre sua adesão ao acordo de cessar-fogo acertado entre EUA e Rússia, depois de semanas de negociações.

Agendada para entrar em vigor ao anoitecer desta segunda-feira (12/09), a trégua acordada na última sexta-feira visa criar as bases para se reiniciar negociações de paz para acabar com os mais de cinco anos de conflito. O cessar-fogo também deve permitir a chegada de ajuda humanitária a regiões sitiadas do país.

Antes da implementação do acordo, a milícia islamista Ahrar Al Sham criticou a trégua em comunicado, sem dizer explicitamente que não iria cumprir os termos do acordo.

Um dos mais poderosos grupos islâmicos armados no país, a Ahrar al-Sham, é ligado à Frente Fateh al-Sham, que era conhecida como Frente al-Nusra até romper sua fidelidade formal à Al Qaeda e mudar de nome no mês passado. A Frente Fateh al-Sham e o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) não estão incluídos no acordo de cessar-fogo.

Os Estados Unidos alertaram neste sábado sobre "consequências terríveis" para qualquer grupo rebelde que tenha cooperado com a Frente Fateh al-Sham. Os EUA há meses têm apelado para que facções rebeldes apoiadas pelo Ocidente, Turquia e países do Golfo Pérsico se distanciem da Al Qaeda.

O vice-líder da Ahrar al-Sham, Ali al-Omar, criticou a trégua num vídeo divulgado neste domingo e rejeitou a exclusão da Frente Fateh al-Sham. "O acordo russo-americano irá transformar em fumaça todos os sacrifícios e as vitórias de nosso povo. Ele só vai servir para reforçar o regime e cercar militarmente a revolução", acusou.

"Cooperação de forma positiva"

O Exército Livre da Síria, que reúne vários agrupamentos de insurgentes, no entanto, afirmou, numa carta aos EUA, que vai "cooperar de forma positiva" com a trégua. No entanto, também manifesta preocupação de que o governo sírio venha a lucrar com o acordo e de que a exclusão da Frente Fateh al-Sham seja usada como desculpa para o regime sírio bombardear outros grupos rebeldes.

A aliança opositora Alto Comitê de Negociações (HNC, na sigla em inglês) disse nesta segunda-feira exigir "garantias" quanto à implementação do cessar-fogo antes de apoiá-lo. "Queremos saber quais são as garantias", disse Salem al-Muslet, porta-voz do HNC, que agrupa facções políticas e militares da oposição. "Será que a Rússia vai cumpri-lo? Será que o regime vai cumpri-lo e interromper seus bombardeios e crimes?"
O acordo entre Rússia e EUA prevê uma trégua inicial de 48 horas, que poderá ser renovada. Nos termos do cessar-fogo, Moscou pressionará o governo sírio para encerrar sua campanha militar contra os rebeldes apoiados pelos EUA. Em troca, os EUA lançarão operações militares conjuntas com a Rússia contra a Frente Fateh Al Sham e o EI, caso o cessar-fogo seja respeitado por um período mínimo de sete dias.
O governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, não divulgou comentário oficial sobre o acordo. Em vez disso, a mídia estatal síria publicou que Damasco ofereceu sua aprovação ao acordo, citando fontes privadas.

O conflito sírio eclodiu em 2011, quando as forças do governo lançaram uma violenta repressão contra manifestantes pró-democráticos que pediam a renúncia de Assad. Em cinco anos, mais de 250 mil pessoas foram mortas e mais da metade da população do país está deslocada, segundo dados da ONU.

MD/afp/ap/rtr/dpa