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Criando a civilização dos robôs

Paulo Chagas19 de março de 2002

A vida artificial e os princípios da vida são os temas do workshop que se realiza na Universidade de Lübeck, reunindo especialistas de diversas áreas.

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Pino, um robô japonês de 70 centímetrosFoto: AP

O conceito de vida artificial ainda está impregnado pelas visões cinematográficas de Frankenstein, este produto da criação humana que transformou-se num monstro. A figura de Frankenstein representa o velho sonho da humanidade de reproduzir o ato da criação divina, explica Daniel Polani, um dos organizadores do 5º Workshop Alemão sobre Vida Artificial, que ser realiza de 18 a 20 de março em Lübeck.

Organizado pelo Instituto de Neuroinformática e Bioinformática da Universidade de Lübeck, o workshop reúne especialistas de diversas áreas: físicos, matemáticos, sociólogos, psicólogos e filósofos. A pesquisa sobre vida artificial é hoje um vasto campo interdisciplinar com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre os princípios da vida.

Biologia e informática

– Até o século passado, a compreensão da vida baseava-se em princípios da química orgânica. Hoje são a biologia e a informática que ajudam os cientistas a descobrir os princípios fundamentais da vida, independente de sua forma exterior. Toda a pesquisa é feita atualmente com computadores que, nos últimos 15 anos, atingiram capacidade suficiente para simular situações complexas não triviais.

Os pesquisadores admitem que o conhecimento da vida poderá conduzir, brevemente, à criação de vida artificial em computadores ou sob a forma de robôs. Será que esses seres irão refletir sobre os seus criadores e desenvolver uma religião própria?

Segundo Daniel Polani, é possível que os robôs desenvolvam uma espiritualidade para tentar esclarecer o mundo, como fizeram os humanos antes da era científica. Mas com o passar do tempo, eles buscariam bases científicas para explicar as relações.

No filme AI2 de Steven Spielberg, há um cena em que robôs ingênuos são induzidos à violência e à destruição para divertir o público. Ou seja: será que é admissível, do ponto de vista ético, que robôs se destruam mutuamente só porque são máquinas? Ou, para ir mais longe, será que não devemos temer que os robôs acabem por tentar destruir os próprios homens?

Na opinião de Daniel Polani, a vida artificial não entrará em concorrência com a dos homens. Serão formas complementares ou integradas à existência humana. O desenvolvimento da tecnologia da vida artificial é irreversível. Se não nos destruirmos como espécie, o que possível, vamos virar uma espécie de civilização cyborg, conclui Polani.