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Crise venezuelana divide América Latina

19 de fevereiro de 2014

Enquanto aliados regionais denunciam tentativa de golpe e chamam protestos de antidemocráticos, países como Colômbia e Chile pedem respeito à liberdade de expressão. Maduro rejeita "lições de democracia" dos vizinhos.

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Foto: Reuters

A mais grave crise política enfrentada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que atingiu seu ápice na terça-feira (18/02), levou a reações mistas na América Latina. De um lado, aliados como Bolívia, Equador e Argentina correram para demonstrar apoio ao governo chavista. De outro, países como Colômbia, Peru e Chile pediram calma e respeito aos direitos humanos e de manifestação.

A convulsão popular em Caracas atingiu seu momento mais crítico na tarde de terça-feira, quando Leopoldo López, hoje principal nome da oposição, decidiu se entregar à polícia numa marcha que reuniu dezenas de milhares de pessoas. Ele recebeu uma ordem de detenção por, segundo o governo, ser responsável pela violência ocorrida durante protestos na capital.

Da Argentina, Maduro recebeu uma ligação do chanceler Héctor Timerman, que lhe ratificou o "apoio absoluto às instituições venezuelanas". O Uruguai condenou o que chamou de tentativas de derrubar um governo legítimo. O Equador qualificou as manifestações da oposição como “tentativas antidemocráticas”. E Cuba e Bolívia, em tom parecido, acusaram os Estados Unidos de arquitetarem um golpe na Venezuela.

"Há uma tentativa de golpe de Estado contra as obras de Chávez", disse o presidente boliviano, Evo Morales, na terça-feira. "Temos obrigação de repudiar essa tentativa de golpe que vem de fora, do império."

Kolumbianischer Präsident Juan Manuel Santos
Declarações do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, irritaram Nicolás MaduroFoto: picture-alliance/dpa

Na quarta-feira, Maduro anunciou a expulsão de três funcionários da embaixada americana, que segundo ele estariam recrutando estudantes para participar de atos de violência. Washington negou a acusação e disse que o uso das Forças Armadas para reprimir protestos é “alarmante” e pode contribuir para o agravamento da situação.

Atrito com Colômbia

Já o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pediu que os canais de comunicação entre as diferentes forças políticas da Venezuela sejam restabelecidos para garantir a estabilidade do país. A declaração irritou Maduro.

"O presidente Santos quer me dar lições de democracia, quando o que estou fazendo é defender a Venezuela", afirmou o chavista. "Os problemas dos venezuelanos são resolvidos pelos venezuelanos!"

Discurso similar ao de Santos foi adotado por Peru e Chile. O presidente chileno, Sebastián Piñera, fez um apelo para que os direitos humanos fossem respeitados durante os protestos contra Maduro, iniciados há duas semanas em meio à insatisfação popular com a violência crescente, a economia frágil e a pressão do governo sobre a imprensa.

Leopoldo Lopez Demonstration in Caracas
Manifestações impõem a mais grave política do governo Maduro, em quase um ano no poderFoto: Reuters

“A defesa dos direitos humanos em todo o tempo, em todo o lugar e em toda circunstância são valores que hoje são universais e que não reconhecem fronteiras”, disse Piñera.

Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, disse que o Brasil espera "uma convergência dentro de um respeito à institucionalidade e à democracia" na Venezuela e demonstrou preocupação com a situação no país vizinho.

No fim de semana, em comunicado conjunto, os países-membros do Mercosul repudiaram a violência na Venezuela e condenaram o que consideram ameaças de quebra da ordem democrática feitas por oposicionistas. A organização de direitos humanos Human Rights Watch também se manifestou e criticou severamente a detenção de López.

RM /dpa / ap/ rtr/ efe