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Déficit e pessimismo ferem competitividade alemã

(fs)29 de setembro de 2005

País está no 15º lugar do ranking do Fórum Econômico Mundial. Posição seria melhor caso o déficit orçamentário da Alemanha não superasse 3% ao ano e se as perspectivas de crescimento econômico não fossem tão ruins.

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Perspectiva de crise: problema alemãoFoto: Bilderbox

Todos os anos, o Fórum Econômico Mundial, com sede na Suíça, divulga uma pesquisa de competitividade, em que os melhores países para se investir são listados em um ranking de 117 nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Neste ano, a Alemanha ficou em 15º lugar, perdendo duas posições na lista que leva em consideração fatores como confiabilidade do sistema judiciário, nível de corrupção no governo e diálogo entre os setores público e privado.

Em todos os segmentos, de acordo com o economista-chefe do Fórum Econômico Mundial, Augusto Lopez Claros, a Alemanha é muito bem conceituada. A perda de duas posições se justifica pelo pessimismo com o qual os empresários vêem o futuro da economia do país, especialmente no curto prazo, e pela manutenção do alto déficit orçamentário, que mais uma vez ficará acima do patamar máximo de 3% ao ano definido pela União Européia para os países que adotam o euro.

Pré-requisitos

Augusto Lopez Claros
Augusto Lopez Claros, o economista-chefe do Fórum Econômico MundialFoto: AP

Apesar de a Alemanha ter perdido posições no ranking, Lopez Claros afirma que todos os pré-requisitos para a atração de investidores e geração de crescimento são cumpridos pelo país.

A exemplo da Alemanha, o Reino Unido também perdeu duas posições no ranking: caiu da 11ª para a 13ª posição. "Os dois países têm instituições públicas de grande confiabilidade. Na Alemanha, em especial, a comunidade empresarial vê os sistemas judicial e de garantia à propriedade intelectual como os melhores do mundo", frisa Lopez Claro, no texto de apresentação da pesquisa.

É preciso frisar, porém, que o conceito de competitividade do Fórum Econômico Mundial, além de pregar o bom funcionamento dos órgãos públicos e judiciais, leva em conta a promoção de políticas relacionadas à globalização.

No fim da apresentação do ranking, há uma espécie de defesa neoliberal, com direito a citações ao economista Jagdish Bhagwati (autor de Globalização como Agente da Prosperidade), em que os países pobres são desaconselhados a criar barreiras protecionistas. "A globalização pode ser combinada com políticas sociais", diz o texto.

Economia de mercado

Embora a Alemanha seja um país desenvolvido, as eleições de 18 de setembro mostraram que o país não está preparado para uma economia 100% de mercado. Os alemães têm uma grande rede de proteção social que a eleição de Angela Merkel (CDU/CSU), que prega a total abertura de mercado, poderia enfraquecer.

Alguns analistas apontaram que este foi o motivo que impediu que a coalizão de apoio à candidata democrata-cristã obtivesse a maioria no Parlamento do país, o que automaticamente elevaria Merkel à condição de chefe de governo.

Euro2004, Italienischer Fan
Itália: maior corrupção na EuropaFoto: AP

O primeiro lugar na pesquisa de competitividade ficou com a Finlândia, um país em que "a comunidade empresarial atua com respeito às leis, geralmente com baixos níveis de corrupção". A segunda posição é dos Estados Unidos, por causa de sua "supremacia tecnológica".

Os EUA são seguidos por Suécia, Dinamarca, Islândia e Noruega. Entre os países da UE, a pior colocação ficou com a Itália, que se manteve na 47ª colocação, por causa de seus altos níveis de corrupção.

América Latina

Na América Latina, o Brasil perdeu oito posições, por causa da pouca confiabilidade de suas instituições públicas – o país passou do 57º para o 65º lugar, atrás de Uruguai, Colômbia, México e Costa Rica, por exemplo.

A nação latino-americana melhor colocada foi o Chile, que ficou na 23ª colocação, 31 posições à frente do Uruguai, que ficou na 54ª posição. "A diferença entre o Chile e os outros países aumentou nos últimos anos", relata o economista-chefe do Fórum Econômico Mundial.

Vários países em desenvolvimento passam pelo mesmo problema da Alemanha – a não-aceitação das regras da globalização – e por isso perdem espaço na pesquisa de competitividade. O problema é maior quando líderes populistas são eleitos: a 89ª colocação da Venezuela, um país rico em petróleo, é reflexo do fato de seu presidente ser Hugo Chávez.