Da borracha vulcanizada à bola inteligente
A história da bola de futebol pode ser acompanhada por invenções em quase 130 anos. Isso foi documentado pelo Departamento Alemão de Patentes e Marcas desde a patente da vulcanização da borracha até a bola inteligente.
A bola de futebol
A história do futebol se confunde com a própria história da bola. Em seus rituais de jogo de bola, a antiga civilização pré-colombiana dos olmecas utilizava bolas de borracha já há mais de 3,5 mil anos. Nos jogos de bola para treinamento militar, na Grécia Antiga, usava-se uma bexiga de porco inflada revestida de couro, um arquétipo da bola em camadas, que é até hoje utilizada no futebol.
Vulcanização da borracha
A história da bola moderna pode ser acompanhada através de invenções de quase 130 anos. Desde os primórdios, aparentemente não houve grandes mudanças: uma bola de futebol é composta de duas partes principais: um invólucro externo e uma câmara de ar. Mas para a patente da primeira bola também foi necessária outra invenção: em 1844, o americano Charles Goodyear patenteou a vulcanização da borracha.
Câmara e bomba de ar
Em vez da bexiga de porco, pôde ser usada uma câmara de ar de borracha, elástica e hermeticamente fechada, o que levou à patente da primeira bola de futebol, na Inglaterra, em 1886. No mesmo ano, foi patenteada uma câmara de ar com válvula apropriada para o enchimento. Em 1887, patentearam-se a bomba de ar e o tubo de enchimento. Nas décadas seguintes, esses elementos sofreram poucas inovações.
Esfera ideal
Naturalmente, uma bola deve ter a forma ideal de uma esfera. E a válvula ou a mangueira de enchimento implicava uma anormalidade nesse formato. Assim, nos primórdios do esporte, a mangueira de enchimento, a tampa ou a válvula eram presas ou pressionadas sob as tiras de couro na abertura do invólucro da bola, que era amarrada como os cadarços de sapatos. Assim, nada se via do lado de fora (1934).
Válvula e invólucro
Posteriormente, a válvula e o invólucro de couro passaram a ser executados em conjunto, com uma abertura na parte externa da bola para que se pudesse enchê-la diretamente. Além disso, uma patente alemã de 1930 previa o fechamento simultâneo da válvula na câmara da bola e do orifício de enchimento ligado a ela, por meio de um disco ou de uma espécie de bloqueio de baioneta (bola de 1936).
Couro natural
O invólucro é o componente de maior desgaste. Por quase cem anos, bolas de futebol continuaram sendo revestidas de couro natural. Mas ele tinha desvantagens: diferenças de espessura, absorção de água e estragos na superfície. Em uma Copa, a mistura de couro sintético e verdadeiro foi usada pela primeira vez na Espanha, em 1982. Mas desde 1951 o uso de material sintético é previsto em patente.
Regra 2
Atualmente, a regra número 2 do futebol especifica que uma bola de futebol de campo deve ser esférica; feita de couro ou outro material "adequado"; de circunferência não inferior a 68 centímetros e não superior a 70 centímetros; peso não superior a 450 gramas e não inferior a 410 gramas no começo da partida; e de uma pressão equivalente a 0,6 – da atmosfera (600 – 1100 g/cm2) ao nível do mar.
Material sintético
Para atender à regra, a bola é hoje composta de várias camadas, como no desenho referente à patente US 2004/0 213 984 A1, de 2004. Além da câmara de ar, há o forro, os gomos e uma cobertura impermeável. Quase sempre é utilizado material sintético. A razão está na otimização do modelo esférico, na vida útil mais longa e no melhor desempenho da bola, por exemplo, devido à menor absorção de água.
Forro e gomos
O forro garante que a câmara de ar não exceda a circunferência estabelecida e os gomos são costurados de dentro para fora, a fim de formar a esfera e esconder as costuras. Devido ao esforço, a costura estável dos elementos é um desafio à parte. Até a Copa do Brasil, em 1950, usou-se uma bola de couro natural de 12 gomos, mas com bordas curvas para criar menos tensão nas costuras, diz a Fifa.
Inspiração na arquitetura
Patentes referentes a essa costura do invólucro da bola remontam aos anos 1930. Tal modelo perdurou até a Copa no México, em 1970, quando a alemã Adidas passou a fornecer as bolas dos torneios oficiais da Fifa. Inspirando-se nas cúpulas geodésicas do arquiteto Buckminster Fuller, a bola passou a ser feita de 32 gomos, em forma de pentágonos e hexágonos, para obter a maior esfericidade possível.
Brazuca
Hoje, o invólucro também tem uma função ótica, com diferentes cores e segmentos que vão além dos pentágonos e hexágonos. E para quase todo grande evento do futebol é lançada uma bola especial. Como a "brazuca", a bola oficial da Copa 2014. Segundo a Fifa, ela tem "simetria única de seis painéis idênticos" e uma estrutura de superfície com "melhor aderência, toque, estabilidade e aerodinâmica".
Bola inteligente
Ao atravessar um campo magnético criado na linha de meta, a bola dotada de microchips indica o gol, por meio de um sinal eletrônico no relógio do árbitro. Seu desenvolvimento remonta a patentes da década de 1950. Apesar de aprovada pela Fifa, em vez da bola inteligente, nos estádios brasileiros serão usadas câmeras que captam o movimento da bola em 3D, para evitar um gol fantasma na Copa de 2014.