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De olho na Eurocopa, seleção alemã em fase de construção

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
1 de setembro de 2020

Após mais de nove meses sem jogar, a "Mannschaft" voltará aos gramados. Depois do triunfo do Bayern de Hansi Flick na Champions, Joachim Löw é a bola da vez. Expectativa é que modelo bávaro possa reverberar na seleção.

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Joachim Löw
Em maratona de jogos até dezembro, Joachim Löw pretende construir uma base sólida para a Eurocopa de 2021Foto: picture-alliance/dpa/U. Anspach

Já faz mais de nove meses que a Alemanha não entra em campo, seja para um amistoso ou para disputar uma partida oficial. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a seleção alemã nunca havia ficado tanto tempo sem jogar. A última vez foi em novembro do ano passado, quando os comandados de Joachim Löw derrotaram a desmotivada Irlanda do Norte por 6 x 1 e ficaram em primeiro lugar no Grupo C das eliminatórias para a Eurocopa 2021.

Se 2018 foi um ano que, por motivos óbvios, os torcedores alemães preferem esquecer, em 2019 a Mannschaft até que deu conta do recado. Disputou dez jogos, dos quais venceu sete, empatou dois e perdeu apenas um, justamente contra a Holanda, sua arquirrival.

Apesar dos números positivos, é necessário dizer que o time jogou bem em apenas dois desses dez confrontos do ano passado. Foi nas goleadas sobre a Estônia e a já citada Irlanda do Norte. De resto, o que se viu, na maioria das vezes, foram apresentações medíocres, caracterizadas por inexplicáveis quedas de produção no decorrer de uma mesma partida.

Agora, o hotel escolhido para a concentração do time em Stuttgart, cidade do confronto contra a Espanha pela Liga das Nações na próxima quinta-feira, não poderia ser mais idílico. Situado nas imediações de uma floresta, o Waldhotel convida seus hóspedes "a dormir de janela aberta e ser acordado pelo doce canto dos passarinhos".

Enquanto estou escrevendo esta coluna, os convocados por Löw já chegaram ao hotel, se submeteram ao teste preventivo do coronavírus, e o resultado deu negativo para todos. A primeira sessão de treinamentos leves decorreu sem problemas. O programa prevê para os próximos dias um isolamento quase total. Não haverá selfies nem autógrafos com torcedores, os treinos serão a portões fechados para o público, e as coletivas de imprensa se submeterão ao ritual tecnológico das videoconferências. Na medida do possível, não haverá nenhum contato com o mundo externo.

Isto posto, é importante ressaltar que Löw abriu mão de convocar quatro profissionais do Bayern (Neuer, Kimmich, Goretzka e Gnabry) e dois do Leipzig (Klostermann e Halstenberg) já que esses jogadores estavam atuando por seus clubes até outro dia na Champions League. Mesmo assim, o clube bávaro marca presença com o zagueiro Süle e o recém-contratado atacante Sané, ambos recuperados de graves contusões.

A ausência de jogadores considerados titulares dará a oportunidade a outros de provar que são competentes e fazem jus a uma vaga permanente no elenco da Mannschaft. É o caso de três atletas chamados pela primeira vez. Trata-se do lateral esquerdo Robin Gosens (Atalanta), do meio-campista Florian Neuhaus (Borussia M'Gladbach) e do goleiro Oliver Baumann (Hoffenheim).  

Gosens, de 26 anos, está desde 2017 no Atalanta e fez uma excelente temporada. Como lateral esquerdo marcou nove gols e deu oito assistências. Vai ser interessante vê-lo na seleção, que está órfã há algum tempo no setor defensivo canhoto.

Neuhaus, de apenas 23 anos, é um meio-campista de técnica refinada e boa percepção do jogo. Tem intimidade com a bola e atua na faixa central do campo. Carece algumas vezes de mais determinação nas bolas divididas e nos duelos mano a mano, algo que pode ser facilmente corrigido com algum ganho de massa muscular.  

Finalmente chegou a vez do goleiro Oliver Baumanm, de 30 anos, do Hoffenheim, de mostrar suas qualidades na seleção. É sabido até pelos que não acompanham o dia a dia do futebol alemão, que Manuel Neuer e Marc-André ter Stegen são de longe os dois melhores goleiros alemães. Resta apenas uma vaga de terceiro goleiro, e Baumann pretende aproveitar a chance que lhe foi oferecida para provar que é o homem certo na disputa com Bernd Leno e Kevin Trapp.

Além dos jogos com a Espanha e a Suíça nesta semana pela Liga das Nações, a Alemanha cumprirá mais seis partidas internacionais até meados de novembro. Será uma maratona na qual Löw pretende construir uma base sólida para a Eurocopa, cuja realização está prevista para junho de 2021.

Hansi Flick, técnico do Bayern, fez uma declaração surpreendentemente nada modesta para quem o conhece: "Não quero agora exercer nenhuma pressão sobre Löw, mas nós [do Bayern, subentende-se] construímos uma boa base para a Eurocopa do ano que vem. Os jogadores alemães do meu time mostraram do que são capazes." A tríplice coroa conquistada pelo time de Flick aumenta e muito a pressão sobre Löw.

A pressão sobre o técnico a partir de agora não se deve à frase do treinador do Bayern. Se deve, isso sim, à maneira como o Bayern jogou e com qual formação entrou em campo. Foi uma demonstração clara do poderio implacável de um conjunto azeitado e engrenado. A expectativa agora é que o modelo construído em poucos meses no clube bávaro possa reverberar também na Mannschaft.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. 

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.