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Depoimentos denunciam conivência alemã no seqüestro de El Masri

(sm)23 de junho de 2006

O libanês-alemão seqüestrado em 2003 pela CIA na Macedônia e mantido preso cinco meses no Afeganistão reitera cumplicidade do serviço secreto alemão no caso.

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Khaled El Masri fez greve de fome durante sua prisão arbitrária pela CIAFoto: AP

O libanês naturalizado alemão Khaled El Masri depôs perante a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a possível conivência do serviço secreto alemão com a CIA no seqüestro e transporte ilegal de suspeitos de envolvimento com terrorismo. El Masri descreveu seu seqüestro da Macedônia para o Afeganistão, reiterando ter sido interrogado por um agente alemão com o cognome Sam durante sua prisão de cinco meses em Cabul.

Preso em 31 de dezembro de 2003 durante uma viagem de ônibus, exatamente na fronteira sérvio-macedônia, El Masri foi mantido como prisioneiro durante três semanas na capital macedônia, Skopje, e depois transportado de avião para o Afeganistão. Ele afirmou ter sido espancado, quando preso na Macedônia e após sua chegada na Ásia.

Desconhecimento das autoridades alemãs improvável

Em protesto contra sua prisão, ele fez greve de fome por 11 dias na Macedônia e 37 dias no Afeganistão, onde foi alimentado à força. A greve de fome foi comprovada através do exame de amostras de cabelo. Transportado de volta do Afeganistão para a Europa, ele foi libertado numa floresta na Albânia.

O depoimento da vítima contraria a imagem insuspeita que o governo em Berlim tentou veicular de si mesmo e do serviço secreto alemão no caso El Masri. Além disso, após meses de investigação, começam a vir à tona as primeiras declarações internas de que as autoridades alemãs tinham conhecimento do caso.

Embaixada na Macedônia informada por terceiros

Um funcionário do Serviço Federal alemão de Informações (BND) afirmou ter ouvido casualmente numa cantina em Skopje que um alemão chamado El Masri havia sido seqüestrado e entregue ao serviço secreto norte-americano. Uma outra novidade é o fato de a embaixada alemã na capital macedônia ter sido informada do seqüestro pelo então diretor da Telekom no país, Wolf-Dietrich Mengel, e ter declarado, na ocasião, que já tinha conhecimento do caso.

O Ministério do Exterior em Berlim comunicou que, mesmo após intensos inquéritos, não descobriu nenhum indício de que a embaixada alemã em Skopje tenha sido informada da prisão do libanês-alemão El Masri. Logo após o depoimento de Mengel, o ministério afirmou ter enviado um investigador à capital macedônia para esclarecer o caso. A ex-embaixadora alemã na Macedônia será interrogada no dia 29 de junho próximo.