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Despejo de refugiados termina em confronto em Roma

24 de agosto de 2017

Migrantes atiram pedras e garrafas, e policiais avançam com canhões de água durante operação para expulsar cerca de cem pessoas que ocupavam praça na capital italiana. Dois são detidos, e há pelo menos 13 feridos.

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Italien Polizisten gehen gegen Flüchtlinge bei einer Demo in Rom vor
Refugiados ocupavam local desde sábado, quando policiais tentaram expulsar centenas de migrantes de prédio vizinhoFoto: picture-alliance/dpa/AP/ANSA/A. Carconi

Forças de segurança italianas entraram em confronto com refugiados em Roma nesta quinta-feira (24/08), durante uma operação policial para retirar os migrantes que ocupavam uma pequena praça na capital italiana. Duas pessoas foram detidas, e ao menos 13 ficaram feridas.

Cerca de cem requerentes de refúgio, em sua maioria africanos da Etiópia e Eritreia, estavam na Piazza Indipendenza, a um quarteirão da principal estação ferroviária de Roma.

Eles ocupavam o local desde sábado passado (19/08), quando a polícia italiana realizou uma operação para expulsar os cerca de 800 migrantes que ocupavam um prédio vizinho – muitos deles estavam lá desde 2013. Em uma das janelas, um cartaz ainda dizia: "Não somos terroristas". 

Nesta quinta-feira, quando a polícia avançpu para despejar os ocupantes que migraram para a praça, muitos reagiram jogando pedras, garrafas e latas de gás contra os policiais, que teriam respondido com canhões de água na tentativa de controlar a situação.

Segundo agências de notícias, testemunhas disseram ter visto migrantes apanhando e sendo puxados pelo cabelo por membros das forças de segurança, que usavam traje antimotim, escudos e cassetetes.

Ao fim dos confrontos, a pequena Piazza Indipendenza estava repleta de latas de lixo reviradas, colchões e cadeiras de plástico quebradas, segundo relataram agências de notícias.

Polícia lançou mão de canhões de água para conter os ocupantes da Piazza Indipendenza
Polícia lançou mão de canhões de água para conter os ocupantes da Piazza IndipendenzaFoto: picture-alliance/dpa/AP/ANSA/A. Carconi

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) afirmou no Twitter que havia famílias entre os ocupantes da praça, observando que muitas crianças presenciaram os confrontos. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), a maioria dos feridos eram mulheres.

O grupo ainda relatou que não havia ambulância nas proximidades para socorrer os feridos, deixando a tarefa para os voluntários da MSF. Eles disseram ter tratado as 13 pessoas feridas, principalmente por cortes e fraturas. Uma mulher idosa desmaiou após ser atingida por um canhão de água.

A polícia italiana divulgou um comunicado afirmando que a operação de despejo foi necessária porque os refugiados que ocupavam a praça recusaram o abrigo oferecido pela prefeitura, e também por conta do risco apresentado pelas latas de gás que os ocupantes usam para cozinhar.

O Acnur e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), bem como várias organizações de direitos humanos, questionaram as táticas da polícia italiana, afirmando que as operações foram realizadas sem aviso prévio.

Ativistas também criticaram a escassez de abrigos adequados para migrantes em Roma e afirmaram que muitas famílias têm sido separadas pelos novos planos habitacionais.

Em comunicado, a MSF expressou tristeza pelo fato de a situação não ter sido resolvida de forma pacífica. "É uma pena que a ausência de soluções alternativas de habitação tenha causado um incidente violento."

A organização, que pediu uma "solução digna" para aqueles que foram removidos, ainda publicou fotos dos confrontos no Twitter, rechaçando o "uso indiscriminado da violência".

A Itália, por conta de sua localização, vem tendo que lidar com um intenso fluxo de refugiados. Nos últimos quatro anos, o total de migrantes que chegaram ao país foi de cerca de 600 mil, sobrecarregando a capacidade dos centros de acolhimento e aumentando as tensões políticas no país.

Espera-se que nas eleições nacionais, marcadas para maio de 2018, a imigração seja um tema central no debate político. Os partidos populistas de direita acusam o governo centrista de nada fazer para barrar o fluxo migratório.

EK/ap/dpa/rtr/dw