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Dilma defende consulta popular sobre nova eleição

10 de junho de 2016

Em entrevista na TV, presidente afastada diz que aceitaria plebiscito sobre novo pleito caso retorne ao Planalto. “Só assim para lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer", afirma.

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Brasilien Präsidentin Dilma Rousseff
“Só a consulta popular para lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer”, afirmou DilmaFoto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres

Em entrevista transmitida pela TV Brasil nesta quinta-feira (10/06), a presidente afastada Dilma Rousseff afirmou defender uma consulta popular sobre a realização de novas eleições presidenciais, caso o impeachment não seja confirmado no Senado. Ela voltou a questionar os motivos que levaram ao seu impedimento e lançou novas críticas a Eduardo Cunha.

Dilma disse que cabe à população decidir se deseja ou não a continuidade de seu governo, e questionou o fato de o governo do presidente interino, Michel Temer, não ter sido eleito.

“Como você acha que alguém vai acreditar que os contratos serão mantidos se o maior contrato do país, que são as eleições, foi rompido?", questionou. “Só a consulta popular para lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer.”

Acredita-se que Dilma deverá apoiar essa iniciativa se ela for adotada primeiramente pelos movimentos sociais. A proposta de novas eleições teria como objetivo tentar reverter os votos no Senado favoráveis ao impeachment, além de minimizar a tese de que ela não teria condições de governar até 2018.

A proposta, porém, encontra forte resistência em diversos setores. Os aliados de Temer afirmam que a medida é inconstitucional, e uma parcela da base social do PT, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), também não a vêem com bons olhos.

A presidente afastada voltou a criticar o processo de seu afastamento, afirmando que não houve crime de responsabilidade que o justificasse. “Não é possível dar um jeitinho e forçar um pouquinho [...] e qualificar como crime aquilo que não é crime. Os presidentes que me antecederam fizeram mais decretos do que eu", afirmou, se referindo aos decretos de suplementação orçamentária, as chamadas pedaladas fiscais, que serviram de base para o pedido de impeachment.

Momentos inusitados da votação do impeachment

Ela também criticou a tese do semiparlamentarismo, apresentada como alternativa ao presidencialismo, que resultaria em eleições indiretas, dizendo que poderia trazer graves riscos ao país. Dilma defende uma discussão mais ampla sobre o tema. "Não temos que acabar com o presidencialismo, temos que criar as condições pela reforma política", observou. "Foi sempre através do presidencialismo que o país conseguiu dar passos em direção à modernidade e à inclusão."

As articulações de Cunha

Dilma afirmou que, no final de seu primeiro mandato, começou a ser articulada uma frente "do centro para a direita", com o surgimento de pautas conservadoras. Esse processo, segundo diz, teria sido comandado pelo então líder do PMDB, o presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. “Ele é o líder da direita no centro. O processo culmina na eleição dele”, assinalou.

Ela explica que, após a eleição de Cunha, a interlocução do Planalto com a Câmara ficou inviabilizada. “O grande problema de compor com o Eduardo Cunha é que ele tem pauta própria. No momento em que o centro passa ter pauta própria, uma pauta conservadora, a negociação fica difícil."

Para Dilma, o peemedebista acatou as denúncias contra ela em retaliação ao fato de o PT não ter se comprometido a votar contra a abertura do processo de cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética.

"Quando começa o aumento da investigação que a Procuradoria-Geral da República faz sobre ele, qual a reação dele? Ou você me dá três votos ou eu aceito a questão do impeachment. E a imprensa relata. Trata-se de uma chantagem explícita.”

RC/abr/ots