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Diretor brasileiro da Unaids renuncia após acusação

23 de fevereiro de 2018

Nações Unidas negam que saída tenha relação com denúncia e afirmam que vice-diretor-executivo de programa de luta contra aids foi absolvido em investigação interna.

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Luiz Loures
Luiz Loures durante uma conferência em 2014Foto: Getty Images/M. Kovac

As Nações Unidas anunciaram nesta sexta-feira (23/02) que diretor-adjunto da Unaids, o brasileiro Luiz Loures, vai deixar o cargo no fim de março. Recentemente, ele foi acusado de assédio sexual a uma colega, mas acabou sendo absolvido numa investigação interna.

O órgão informou que Loures "comunicou ao diretor-executivo da Unaids, seu desejo de não se candidatar para a renovação do cargo". Loures se uniu à Unaids, o programa das Nações Unidas responsável pela luta global contra a aids, em 1996. Em 2013, assumiu o cargo de vice-diretor-executivo.

O diretor de comunicação da Unaids, Mahesh Mahalingam, negou a relação entre a saída de Loures e as acusações contra ele em relação a um suposto caso de assédio e agressão sexual a uma colaboradora entre 2011 e 2015. Mahalingam disse que uma investigação independente determinou que o caso carecia de fundamento e recomendou encerrá-lo.

Diante da insistência dos jornalistas sobre a coincidência das acusações e a saída do diretor, Mahalingam insistiu que Loures "cumpriu um longo e distinto serviço de 22 anos na Unaids e claramente pensa que é o momento de mudanças".

Acusações

Em 2016, uma subordinada apresentou uma denúncia formal contra Loures, alegando que ele a assediou sexualmente desde que ela se uniu ao programa, em 2011, e depois concretizou o abuso em 2015, durante uma conferência.

O assédio, segundo ela, incluiu comentários sobre sua aparência e toques. Loures disse aos investigadores que usava muito contato físico no cumprimento aos colegas, homens e mulheres, e admitiu ter beijado e segurado a mão da acusadora ocasionalmente.

Os investigadores apontaram que o comportamento de Loures "pode ser visto como inapropriado, dada sua posição sênior", mas determinaram que as provas eram insuficientes para sustentar as acusações de abuso sexual.

Segundo a funcionária, o abuso teria acontecido num hotel em Bangcoc, onde a Unaids organizava uma conferência.

A acusadora disse que Loures a pressionou a tomar uma bebida no hotel, mas longe da recepção. Ele negou isso, mas confirmou a conversa privada. Ela afirmou que, no elevador, depois do encontro, Loures se lançou sobre ela, beijando-a e apalpando seus seios. Quando o elevador parou em seu andar, ele tentou puxá-la, em uma aparente tentativa de levá-la para seu quarto, segundo ela.

Loures negou o abuso. A investigação interna realizada pelo Escritório de Serviços de Supervisão Interna (IOS, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS), concluiu que não havia provas para apoiar as acusações.

Ativistas e especialistas legais questionaram, porém, a credibilidade da investigação, insistindo que não foram consideradas evidências circunstanciais importantes.

A decisão de Loures foi anunciada um dia depois da demissão do número dois do Unicef, Justin Forsyth, após ser revelada a suposta conduta inadequada que teve com funcionárias da ONG Save the Children, que tinha dirigido anteriormente.

Em um caso paralelo, o diretor para o Afeganistão do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Mick Lorentzen, também foi acusado de assédio sexual e suspenso de seu cargo enquanto é investigado.

JPS/efe/afp

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