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HistóriaJapão

Diretor de Tóquio 2020 é demitido por piada sobre Holocausto

22 de julho de 2021

Humorista e diretor de teatro Kentaro Kobayashi, responsável pela cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, foi alvo de críticas por esquete dos anos 1990. Premiê japonês classifica piada de ultrajante.

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Kentaro Kobayashi
Kobayashi pediu desculpas por suas falas "extremamente inapropriadas" Foto: Tokyo 2020/AP Photo/picture alliance

O diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, marcada para esta sexta-feira (23/07), foi demitido nesta quinta, após ser alvo de críticas por uma piada sobre o Holocausto que fez no passado.

O humorista e diretor de teatro Kentaro Kobayashi, que também deveria dirigir a cerimônia de encerramentos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, fez a piada durante uma esquete em 1998, e o caso veio à tona recentemente na mídia japonesa.

Na esquete, Kobayashi e outro comediante fingem ser uma dupla de famosos artistas da TV infantil. Ao discutirem uma atividade envolvendo papel, Kobayashi se refere a alguns bonecos de papel recortados, descrevendo-os como "os daquela vez que você disse 'vamos brincar de Holocausto'", arrancando risos da plateia.

Várias entidades judaicas manifestaram repúdio à piada nos últimos dias. O Centro Simon Wiesenthal, organização judaica internacional de direitos humanos, afirmou que a associação de Kobayashi aos Jogos Olímpicos insultaria a memória dos 6 milhões de judeus mortos no Holocausto.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, classificou o conteúdo da esquete de ultrajante e "totalmente inaceitável". Quando questionado sobre a cerimônia de abertura, o premiê disse acreditar que seria realizada como planejado.

Em comunicado, Kobayashi pediu desculpas pelas falas "extremamente inapropriadas" contidas na esquete. "Eram de um tempo em que eu não consegui obter risadas do jeito que eu queria, e acredito que eu estava tentando chamar a atenção das pessoas de uma maneira leviana."

Série de polêmicas

A demissão de Kobayashi é a mais recente de uma série de polêmicas envolvendo a organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O presidente do comitê organizador, o ex-primeiro-ministro Yoshiro Mori, renunciou em fevereiro após dizer que mulheres falam demais em reuniões.

Nesta segunda-feira, um compositor da música da cerimônia de abertura, conhecido como Cornelius, pediu demissão após uma enxurrada de críticas por entrevistas antigas em que ele disse ter abusado de colegas de escola com deficiência. E em março, o diretor criativo das cerimônias de abertura e encerramento, Hiroshi Sasaki, entregou o cargo após sugerir que uma comediante plus size se apresentasse vestida de porco.

"Ofereço minhas profundas desculpas por causar problemas e preocupações para muitas pessoas envolvidas, bem como para os residentes de Tóquio e japoneses quando a cerimônia de abertura está quase chegando", disse Seiko Hashimoto, atual presidente do comitê organizador, após a demissão de Kobayashi nesta quarta.

Os organizadores não deixaram claro como a demissão do diretor artístico pode afetar a apresentação desta sexta. "Ainda estamos avaliando como realizar a cerimônia de abertura amanhã. Quero chegar a uma conclusão o mais rapidamente possível”, disse Hashimoto.

Maioria contra os Jogos

Em meio a preocupações com a disseminação do novo coronavírus, a maioria da população japonesa é contra a realização dos Jogos de Tóquio, adiados por um ano devido à pandemia e que agora serão realizado sem espectadores.

Uma pesquisa recente publicada no jornal Asahi apontou que 68% dos entrevistados manifestaram dúvida sobre a capacidade dos organizadores dos Jogos de controlar as infecções pelo coronavírus, e 55% se disseram contra a realização do evento.

lf/as (AFP, Efe, Reuters)