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Os alemães no ambiente de trabalho

Karina Gomes
17 de dezembro de 2018

Falar sem rodeios não é necessariamente sinal de arrogância no ambiente corporativo. Com foco na produtividade, os alemães muitas vezes evitam conversas sobre vida pessoal e outros temas não relacionados ao trabalho.

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Funcionários trabalham em uma empresa em Berlim, na Alemanha
O ambiente profissional não é o mais propício para as relações sociaisFoto: picture-alliance/dpa/ZB/B. Pedersen

Sem pausas para conversa fiada. O ambiente de trabalho alemão é um espaço para produtividade. O tempo reservado para o cafezinho pode servir para combinar os assuntos que serão discutidos na reunião marcada para as 10h da manhã, quando todos já devem estar preparados. Quem chegar com cinco minutos de atraso receberá olhares de desagrado. Afinal, pontualidade é a regra máxima.  

A relação com os colegas no ambiente de trabalho é sem rodeios. Ser direto não é necessariamente sinônimo de arrogância, e esbanjar simpatia é desnecessário. Disciplinados, sérios, metódicos e organizados são, a meu ver, adjetivos adequados para descrever o perfil de quem trabalha no ambiente corporativo na Alemanha.

O horário do almoço é sagrado e permite mais descontração. Mesmo assim, não é comum escancarar assuntos pessoais aos colegas na mesa. A separação entre vida privada e rotina de trabalho é clara. O ambiente profissional não é o mais propício para as relações sociais. Pausas para o café para conversar por meia hora com um colega sobre assuntos não relacionados ao trabalho não é tão comum.

Para ter uma relação mais pessoal com os colegas, vale fazer um happy hour, entrar para o grupo de teatro ou para o time de futebol da firma, ou ainda se juntar às Betriebsausflüge, excursões com os colegas de trabalho.    

Com foco na produtividade e no bom rendimento para aproveitar ao máximo o tempo de trabalho, é comum ultrapassar o horário normal e fazer algumas horas extras. Assim como é normal pedir licença médica no primeiro sinal de um simples resfriado. 

Esse cenário de busca de eficiência pode se opor à burocracia e, por vezes, à lentidão das repartições públicas. Dependendo do tipo de empresa, existe um certo nível de formalidade ao se dirigir aos colegas. Para se identificar em qualquer situação – numa reunião ou ao pedir assistência técnica ao setor responsável – é comum se identificar pelo sobrenome acompanhado por Frau (senhora) ou Herr (senhor).

Devido à rígida lei trabalhista, a cultura do home office e do trabalho freelance é bem difundida na Alemanha. Sexta-feira é o dia mais esperado, quando é comum ver colegas saindo um pouco mais cedo do que o normal. É o momento do Feiarabend, a hora perfeita para brindar o fim de mais um dia de trabalho.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.